Mariana Sgarioni

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Reportagem

'A sustentabilidade é civilizatória', diz superintendente da Caixa

Nos próximos dias, a Caixa, o maior banco público do país, comemora mais do que uma virada de ano. Será também aniversário de 165 anos da instituição que foi fundada pelo então imperador dom Pedro 2º com uma proposta de inclusão social - qualquer semelhança com os conceitos atuais do ESG pode não ser mera coincidência.

"O banco foi criado para assegurar que não existam pessoas de segunda categoria, que a cidadania e a dignidade sejam acessíveis para todo mundo. Chegamos ao século 21 com o mesmo propósito vinculado à nossa história", diz Luis Felipe Bismarchi, superintendente nacional de Negócios de Impacto e Sustentabilidade da Caixa. Doutor pelo Procam (Programa de Ciência Ambiental da USP) e pós-doutor em Administração (FEA-USP), Bismarchi afirma que o foco da instituição no próximo ano será, cada vez mais, promover a cidadania em de uma economia de baixo carbono. Leia a seguir a entrevista do executivo a esta coluna.

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Ecoa: Qual a diferença da Caixa para os outros bancos públicos e privados?
Luis Felipe Bismarchi:
A Caixa é o principal implementador de políticas públicas do governo federal, o maior banco público do país. Existem empresas estatais de economia mista, que são aquelas que têm ações na Bolsa, e tem empresas públicas. O Banco do Brasil é um baco misto. A Caixa é o maior banco estatal do país que tem relacionamento direto com as pessoas - o BNDES também é público, porém só se relaciona com outros bancos. A Caixa foi criada por dom Pedro 2º, em 1861, para receber as poupanças das populações mais pobres do Brasil, inclusive os escravizados. Eles guardavam suas economias na Caixa para depois comprarem suas alforrias. Era também o único meio que as mulheres, que não tinham direito a nada, conseguiam acesso ao crédito por meio de penhores.

Como isso acontece nos dias de hoje?
No ano passado, construímos a Agenda Caixa de Sustentabilidade e Cidadania. Nosso objetivo é, dentro dessas transformações tão estruturantes que a economia de baixo carbono demanda, viabilizar as mudanças de cadeias produtivas para colocá-las a serviço da geração de oportunidade e dignidade a todas as pessoas do Brasil.

Dentro do mundo corporativo, estes projetos são muito próximos ao S, do ESG.
Nossa pauta, ainda que ela dialogue obviamente com o ESG, é a sustentabilidade. Tanto que no ESG não é corriqueiro você ficar falando de quilombola, indígena, de finança decolonial. Então, sempre que tenho a oportunidade, mostro esta diferença e digo que a sustentabilidade, na verdade, é mais robusta. É algo poderoso a serviço da transformação e da economia com um todo.

Em parceria com a Prefeitura do Rio de Janeiro, Big Tech inclui cidade em projeto piloto que visa melhorar a qualidade do ar
Em parceria com a Prefeitura do Rio de Janeiro, Big Tech inclui cidade em projeto piloto que visa melhorar a qualidade do ar Imagem: Unsplash

Google instala sensores de IA para medir qualidade do ar no Rio

São Paulo leva a fama, mas o Rio de Janeiro não fica muito atrás quando o assunto é qualidade do ar. A poluição - que é invisível nos cartões postais - vem castigando cada vez mais os pulmões dos cariocas. Tanto é que o Rio foi escolhido como a primeira cidade brasileira a fazer parte do projeto-piloto do programa AirView+, do Google, que deverá instalar 20 sensores de Inteligência Artificial para coletar informações em tempo real sobre os níveis de poluição locais.

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O projeto foi anunciado no final deste ano, em parceria com a prefeitura do Rio, e faz parte de uma iniciativa da Big Tech lançada em 2020, na Índia, país que já possui mais de 800 destes sensores colocados em 150 cidades. A tecnologia foi desenvolvida pela Aurassure, uma startup indiana especializada em coleta e análise de dados ambientais, que também é colaboradora do projeto.

A distribuição dos dispositivos está sendo feita de acordo com a escolha do COR-Rio (Centro de Operações Rio), órgão da prefeitura responsável por coordenar o enfrentamento de riscos, emergências e urgências relativas a questões climáticas. Além de fornecer dados detalhados e em tempo real, os aparelhos permitirão a localização de outras áreas gravemente afetadas pela poluição. A IA também oferece o rastreamento do movimento de poluentes e a avaliação da eficácia das intervenções na qualidade do ar. Essas informações podem ajudar na tomada de decisões de autoridades públicas, organizações e pesquisadores.

Segundo o Google, o projeto AirView+ no Rio tem o potencial de servir como modelo para outras cidades no Brasil e no mundo que enfrentam desafios semelhantes em relação à qualidade do ar.

As redes de pesca deixadas nos mares são hoje a principal fonte de contaminação de plástico nos oceanos, além de matarem involuntariamente uma série de animais marinhos - boa parte deles em extinção. Entretanto, se forem recolhidas e recicladas, elas podem ser utilizadas para diversos fins - inclusive para os esportes.

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Iniciativa vai usar redes abandonadas no oceano para compor cestas de basquete em quadras comunitárias de São Paulo
Iniciativa vai usar redes abandonadas no oceano para compor cestas de basquete em quadras comunitárias de São Paulo Imagem: WSL-Divulgação
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NBA transforma redes de pesca descartadas em cestas de basquete

A NBA (National Basketball Association), principal liga de basquete do mundo, decidiu lançar uma iniciativa que não apenas aproveita essas redes como também estimula a prática de esportes em comunidades. Em parceria com a WSL (World Surf League), a liga lançou o "Nets for Change", programa que vai transformar redes de pesca subaquáticas abandonadas no litoral brasileiro em cestas para uso em quadras de basquete em São Paulo.

Segundo a WSL, desde maio de 2024, aproximadamente uma tonelada de redes de pesca abandonadas foram coletadas ao longo da costa brasileira. As redes descartadas nos oceanos são conhecidas como "redes fantasmas". Cada uma leva por volta de 600 anos para se decompor naturalmente. Segundo as ligas esportivas, há estudos apontando que cerca de 25 milhões de animais marinhos são impactados pelas redes fantasmas a cada ano só na costa brasileira.

Algumas das quadras de basquete que receberão cestas com a rede reciclada são a NBA Station no Parque Villa-Lobos, a quadra reformada do Cleveland Cavaliers no Beco do Nego, e quadras comunitárias em Ferraz de Vasconcelos e Valinhos. O programa também inclui um plano para substituir essas redes recicladas sempre que necessário.

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Dica de leitura

"Líderes que curam"

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Autor: Antonella Satyro

Editora: Buzz

Em uma escrita leve e prazerosa, Antonella Satyro, CEO e fundadora da Human Skills Manifesto, uma edtech que tem como propósito humanizar líderes, CEOs, organizações e startups, compartilha os aprendizados que acumulou ao longo de sua trajetória profissional.

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Texto que relata acontecimentos, baseado em fatos e dados observados ou verificados diretamente pelo jornalista ou obtidos pelo acesso a fontes jornalísticas reconhecidas e confiáveis.

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