Mariana Sgarioni

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Seguro para todos: por que a Porto pretende ampliar seu portfólio

Quanto mais os eventos climáticos extremos dão as caras, a exemplo das fortes tempestades previstas para janeiro, mais o mercado de seguros estremece. A todo momento, é preciso refazer as contas, mexer nas modelagens de riscos e, evidentemente, nos preços das apólices.

Para Patrícia Coimbra, Diretora de Gente e Cultura da Porto, as mudanças climáticas também podem ser uma boa oportunidade de novos negócios dentro da agenda ESG da companhia, como, por exemplo, a inclusão securitária. "Hoje a penetração dos seguros no Brasil chega em torno de 20% da população. Queremos aumentar este número, com novos produtos que sejam abrangentes e novos modelos de negócio que atendam mais gente. Cada vez mais, as pessoas vão precisar de proteção", diz.

O Grupo Porto uma holding de seguros que também atua nos setores financeiro, de saúde e serviços e conta hoje com 14 mil funcionários, 13 mil prestadores, 37 mil corretores, além de 18 milhões de clientes.

A cobertura de danos causados por tragédias vem aumentando consideravelmente: levantamento elaborado pela CNseg (Confederação Nacional das Empresas de Seguros Gerais, Previdência Privada e Vida, Saúde Suplementar e Capitalização) mostra que os pedidos de indenizações dos clientes às seguradoras superaram R$ 6 bilhões até setembro do ano passado. Atualmente, a CNSeg articula, junto ao Congresso Nacional, a proposta de criação de um Seguro Social contra Catástrofes, que prevê o pagamento emergencial de R$ 15 mil, via Pix, para vítimas de calamidades. No final de 2024, a associação promoveu o encontro "Está Chegando o Verão: Mudanças Climáticas, Urbanização e Vulnerabilidade - Impacto no Curto Prazo" e divulgou que, no ano passado, somente as chuvas causaram um custo de até US$ 300 bilhões às seguradoras no mundo. "Existe um novo cenário que se apresenta e as soluções ainda estão em construção ", diz Patricia.

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Ecoa: Podemos dizer que as catástrofes climáticas estão promovendo uma mudança no modelo de negócio das seguradoras?
Patricia Coimbra:
É preciso buscar ferramentas para gestão de riscos e precificação que estão sendo desenvolvidas. E aqui não falo só do Grupo Porto e sim de todo o setor. Normalmente esta avaliação é feita com base no histórico levando em consideração o contexto atual para traçar cenários futuros. Como você pode imaginar, esse sistema de planejamento não está mais funcionando. Aqui, na Porto, fazemos parte de grupos de trabalho setoriais junto à CNSeg e bebemos muito da fonte das empresas que trabalham com resseguro, por exemplo.

Ecoa: Por que?
Patricia Coimbra:
O mercado ressegurador garante os riscos das seguradoras quando os valores de sinistro excedem um determinado valor. Então eles trabalham com um nível muito mais alto de risco. Por isso temos ouvido estas resseguradoras, uma vez que elas têm mais musculatura para trabalhar a partir de mudanças climáticas. Além disso, temos nossos grupos internos também de gestão de riscos em que todas as áreas estão envolvidas pensando também nas oportunidades deste momento.

Ecoa: Quais oportunidades?
Patricia Coimbra:
Quando a gente cita mudanças climáticas não estamos apenas falando em precificação ou na gestão de riscos. Também pensamos que precisamos aumentar o número de segurados no Brasil, caminhar para uma inclusão securitária. Veja o que aconteceu no Rio Grande do Sul, os incêndios no país inteiro, a escassez hídrica. É muito impacto. Então, de que maneira podemos pensar também numa precificação que nos permita cuidar de mais gente? Claro que o negócio tem que crescer, mas o grande objetivo é ter mais pessoas protegidas. E de novo: você só consegue fazer isso com um excelente trabalho de mitigação de riscos - é ele que permite ampliar o portfólio de produtos e soluções.

Ecoa: É preciso também de um forte trabalho de governança.
Patricia Coimbra:
A governança é a parte mais importante de toda a agenda porque ela não pega apenas mudanças climáticas ou direitos humanos. Ela pega tudo. Quando a gente fala de evolução da companhia, a gente liga isso a cada vez mais transparência, mais padronização em relatórios, mais taxonomia, auditoria, entre outros.

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Ecoa: De que forma você acredita que o restante da agenda ESG é uma forma de alavancar o negócio?
Patricia Coimbra:
O ESG diminui os riscos e cria novas oportunidades, como novos produtos que eu mencionei. Principalmente em uma organização em que o ESG vem da liderança e está presente em todas as áreas, sem exceção, uma vez que nossa comissão de sustentabilidade tem representante de todos os setores. Esta agenda transversal é o que mais nos orgulha. E faz as pessoas felizes.

[Esta reportagem faz parte da newsletter "Negócios Sustentáveis". Inscreva-se para receber gratuitamente no seu email toda segunda-feira]

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