Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.
Sapatravas, Sapatrans...
Quantas acreditaram
Depois de tudo que passaram
Que seria possível dar mais um passo além?
A neca - do ocó
Sempre em primeiro plano
Desarranja o gosto do beijo quando elas se encontram a primeira vez
Sem saber o que se passa
- Mas que coisa linda, cheia de graça
Essa trava que antes disputava
Os ocó pela merda da norma
Agora já não se conforma
E vem querendo me beijar
Por que será que algo assim
Tão simples de conceber
Tão lindo, mesmo, de ver
Um amor tão carinhoso que podia ser uma fresta
às vezes fechada a porta
Por precisar se afirmar
- ELA -
Que o oró vira carimbo
Vira selo de qualidade
Quando mesmo, na verdade
Amor nunca soube dar
Duas travas - ou três, quem sabe -
Não sabiam que isso queriam
Nem mesmo se deveriam um beijo experimentar
Mas foram
Primeiro de graça
Na brincadeira, trapaça
Coisinha de amiga, selinho
Até o babado deslanchar
E depois mais uma gracinha
Uma brincadeira
E a linha, que nunca era ultrapassada
Começou a sumir
E começaram a travecar
Na rua, ainda nem tanto
Logo se vê o espanto quando olham as sapatrans.
- Mas como pode ser? algo tão não esperado...
E os rumores iam crescendo sobre as lésbicas que passavam
E isso reprimia
Dava medo
Dava agonia
Rompia-lhes a pouca segurança do que tentavam experimentar
Nunca houve tanto desejo, dava pra ver a euforia.
No olhar delas, que se viam
Pareciam duas crianças descobrindo o amor pela primeira vez.
Delicadas, pero no mucho
Sabiam que o arrepio batia
Que a acuendação não segurava
Mas por muitas vezes insistiam em deixar isso pra lá
E a brincadeira das amigas foi ficando nisso mesmo:
Selinho com riso
Beijinho jocoso
Coisinha de graça das duas no rolê
Mas queriam mesmo
era o prazer do gozo
De se lambuzarem
Se amarem no talo
E de descartarem os boy do rolê
Aqueles ocó
cis, audacioso
Que nunca souberam mesmo dar prazer
Quem sabe outro dia
Daqui há um tempo
As coisas se assentam e elas vão ver
Que só lhes faltava a coragem certa
De encontrar nas travecas
Nas belas bonecas
o que ali não iriam ter.
Foi-se um ano, dois ou mais
Alguns goles do otim
uma taba de carona pra lhes amortecer
Os dedos
Os medos
As normas, afim
de rasgar a besteira de não poder ser.
Meu amô
Se já é travesti
Se já peita o mundo
Por que não viver
Não ir mais profundo
E ver que nas travas
Imagem e semelhança
Agarraria a lembrança
De enfim ter prazer?
E assim, criou o bafo
- E faça-se a luz -
Nasceu-lhe um desejo
ou melhor, foi livrando
E deitaram-se nuas no fim do rolê
A porta, aberta
As pernas, envoltas
A duas tentando entender
Porque demoraram
Por que tanta luta
Pra que tanto medo
Se ali, sem segredo
sigilo ou pressa
As travas podiam
Na própria aliança
Investir na esperança
De se conhecer?!
Travesti não é bagunça
É um reorganismo
E mais, quando juntas
sapatrans na caruda
com toda a ajuda de enfim travecar
Balançam a norma
Rebolam suas bundas
Na cara da outra
Na cara do mundo
E só querem, por fim
Poder relaxar.
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