Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.
Gastronomia de Quebrada
Ano passado recebi um convite muito especial. Fui convidada a colaborar com o design do volume quatro de um projeto que já acompanhava e que tenho muito carinho, chamado Prato Firmeza.
O Prato Firmeza é um guia gastronômico das quebradas paulistanas - o primeiro a mapear os melhores restaurantes, bares, lanchonetes e carrinhos de comida da periferia. E sua missão consiste em promover estabelecimentos que estão fora do radar gastronômico da cidade a partir do olhar e paladar criterioso dos jovens correspondentes locais, formados pela Escola de Jornalismo da Énois. A Énois é um laboratório que trabalha para impulsionar diversidade, representatividade e inclusão no jornalismo brasileiro. Foi fundada em 2009 com a Escola de Jornalismo (EJ) pelas jornalistas Amanda Rahra e Nina Weingrill a partir de um trabalho voluntário no Capão Redondo, voltado ao público jovem. Em 2014, a EJ se expandiu para a Internet e se tornou a primeira escola online de jornalismo no Brasil. Em cursos presenciais, mais de 500 jovens da periferia se formaram em jornalismo e mais de 4 mil estudantes passaram pela Escola de Jornalismo online. Ao longo do tempo, esses jovens, por meio da Énois, produziram conteúdo em parceria com veículos de abrangência nacional.
Como já falei por aqui, opto por uma alimentação vegetariana e gostaria de sugerir alguns restaurantes vegetarianos ou que tem opções vegetarianas em seu cardápio. Selecionei um de cada região de São Paulo e que estão listados no guia Prato Firmeza.
Centro
Na região central existe o Toya, restaurante com foco em servir comida acessível e criativa sem produtos de origem animal. O restaurante é chefiado por Selma Lopes, 55 e vegetariana desde criança. Seus pratos mais conhecidos são a feijoada, o sanduíche de jaca louca, o bauruzinho, a "salsicha"de amendoim e o "bife de berinjela".
Leste
Advindo de um trabalho acadêmico de seu idealizador, com a finalidade de ressignificar e valorizar sua ancestralidade afro, surge Baobá Comedoria. Gerônimo Vinicius, morador de Sapopemba, resolveu apresentar a gastronomia africana onde a cozinha europeia, asiática e árabe são majoritariamente reconhecidas. Apesar de não ter espaço físico, a Baobá Comedoria atende encomendas e o próprio Gerônimo as entrega. Seu cardápio possui pratos do Cabo Verde como o cachupa, o cremoso mucapata, um acompanhamento comum em Moçambique. O egusi, nome dado ao prato, devido ao seu ingrediente principal: a semente de melão (egusi melon), que é uma pasta feita com o cozimento dessas sementes com camarão seco e adicionado um refogado de legumes, pimenta e azeite de dendê.
Norte
Com a ideia de desconstruir de que somente quem faz dieta tem que comer saudavelmente e de que comida saudável é sem graça, temos a Lili Comidas Saudáveis que está na ativa desde 2017. As sócias Chayanne e Lígia produzem pratos fartos e nutritivos, tendo como destaque o hambúrguer de grão-de-bico, feito com farinha de aveia e recheado com queijo e um saboroso molho de tomate, acompanhado de um mix de legumes. Como sobremesa tem opções como o muffin de cacau, que tem uma textura leve e meia amarga.
Sul
Em 2018, Dona Iracy, cozinheira de creche municipal, foi visitar os pais em sua terra natal e de lá trouxe um presente para os familiares e amigos. Não, não foram lembrancinhas típicas, mas sim uma receita que veio apimentar os paulistanos. Para que todos se sentissem mais próximo da Bahia Dona Iracy fez uma noite do acarajé. E os amigos gostaram tanto que passaram a pedir para que o evento acontecesse novamente. E foi aí que sua filha Ariadne viu uma oportunidade de negócio e assim foi criada a Cozinha das Pretas. Além da receita tradicional, ela criou uma adaptação vegetariana sem frutos do mar e que de nada perde em relação à receita original.
Oeste
Da Chapada Diamantina para São Paulo, da roça para a cidade. De uma família de agricultores que plantavam o próprio alimento que consumiam, desde cedo Ieda Matos teve experiência na cozinha. Mas foi aos 33 anos que decidiu criar seu próprio negócio, após vários percalços na vida por ser uma mulher negra, nordestina. Serviu receitas nordestinas por três anos em seu food truck, mas depois de um tempo resolveu pegar um ponto fixo em Pinheiros, depois de uma viagem que fez a Bahia e encorajada por Dona Nena, de 85 anos, que a aconselhou a vender a comida que fazia na roça. Desde então pratos como o abará, vatapá, caruru, moquecas de banana da terra tem permeado seu restaurante Casa de Ieda e claro, opções vegetarianas desses pratos também é possível de se encontrar. Um leve passeio no instagram da Casa de Ieda é de dar água na boca. Faça por sua conta e risco!
Todos os restaurantes citados você pode encontrar mais infos baixando o livro em formato pdf totalmente gratuito no site do Prato Firmeza. Apoiem os pequenos empreendedores consumindo dos pequenos.
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