Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.
Erika Sallum: uma grande cicloativista
Recentemente faleceu de câncer uma grande ativista do ciclismo. Erika Soares Sallum tinha 45 anos. A jornalista e ciclista lutava pelo uso da bicicleta como ferramenta social, com o seu poder de transformação e união entre as pessoas e respeito ao meio ambiente.
Erika era jornalista e diretora de redação da Go Outside. Ela também escrevia para a Folha de São Paulo, no Ciclocosmo, "um blog para quem ama bicicletas".
Segundo seu companheiro Caio, foi em 2015, enquanto tomava banho, que Erika sentiu um caroço já bem grande em sua mama direita.
No começo de 2016, logo após a confirmação do diagnóstico, levou um tempo para assimilar sua nova vida. Certamente foi um duro processo de transformação até que ela encarasse de frente o mundo que tanto amava.
Com a força dos amigos e de seu amor pela bicicleta, ia pedalando às sessões de quimioterapia. Entrava no hospital de sapatilha e jersey. De cabeça erguida, com capacete nas mãos, deixava à mostra sua nova realidade — tinha câncer, mas não renunciava aos grandes prazeres de sua vida, como pedalar.
Em junho de 2019, o câncer já havia se espalhado pelos ossos. Era uma grave metástase e ela não tinha muito o que fazer. A luta, em seu caso, não era mais em eliminar a doença, mas sim em viver da melhor forma possível os poucos anos que restavam.
Erika decidiu não comunicar a ninguém sobre sua curta sobrevida. Queria viver normalmente, sem assustar parentes e amigos.
Câncer de mama é o tipo de câncer que mais mata mulheres no Brasil. Segundo o INCA (Instituto Nacional de Câncer), entre 2020 e 2022, cerca de 66.280 mulheres por ano serão afetadas pelo câncer de mama.
Para o oncologista Vladmir Lima, do hospital A.C. Camargo Câncer Center, apesar da evolução do tratamento do câncer de mama, é importante uma mudança de comportamento. "Criar na mulher a consciência de que a mama é um órgão que merece atenção especial".
Doutor Vladmir indica que o autoexame (com o qual a Erika descobriu seu tumor) detecta o câncer já em evolução, e que esse método, apesar de importante, não é o caminho ideal para a contenção da doença. Cada mulher deve se preocupar em fazer um acompanhamento médico preventivo desde cedo.
O conhecimento sobre os fatores de risco, sejam genéticos (histórico familiar) ou de comportamento (tabagismo, alcoolismo, sedentarismo, entre outros), deve ser tratado com atenção para determinar quando cada mulher precisa começar a prevenção com mais afinco. "Algumas devem começar já aos 20 anos de idade", alerta o doutor.
Ter o acompanhamento de um ginecologista e mastologista e realizar mamografia preventiva é direito de toda mulher brasileira. Tais serviços, hoje já amplamente oferecidos e mesmo assim ainda subutilizados pela população, podem ser obtidos gratuitamente através do SUS em hospitais públicos. Tal prática é essencial para a saúde da mulher, e deve ser valorizada não apenas por ela, mas também por seus familiares.
Carinho e amor são muito importantes e salvam a dignidade feminina tanto na prevenção quanto no tratamento.
PARA MAIS INFORMAÇÕES
https://www.inca.gov.br/
Disque saúde: 136
Para entender mais sobre fatores de risco, prevenção e tratamento, a informação é essencial. Vale a leitura da Cartilha do Câncer de Mama do INCA. Clique aqui para baixar a Cartilha do Câncer de Mama do INCA.
O companheiro de Erika, o fotógrafo Caio Guatelli, informou sobre a proposta de uma campanha de nomeação da ciclovia do Rio Pinheiros em homenagem a Erika. Assine você também em apoio à homenagem.
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