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Noah Scheffel

OPINIÃO

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

Você está perdendo dinheiro se não sabe o que é 'creator economy'

Jade Picon - Instagram/Reprodução
Jade Picon Imagem: Instagram/Reprodução

Colunista do UOL

19/09/2022 06h00

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Você, se é da mesma geração que eu, deve se perguntar como é que aquele pessoal que você tirava sarro porque queria ser "youtuber", agora detém o poder de como a economia e o consumo, do mundo inteiro, devem funcionar.

Pois bem, a garotada cresceu, as redes sociais explodiram em quantidade e formatos, e o sonho passou a ter nome: creator ou influencer. Pessoas que criam conteúdo e influenciam outras pessoas a ponto da sociedade não mais buscar pelos nomes renomados das marcas, mas, sim, o que essas pessoas têm a dizer sobre seus produtos e serviços, antes de gastar seu suado dinheirinho.

Quando que a gente ia imaginar que aquilo que a gente achava que não seria jamais uma profissão ia passar a ditar as tendências do mercado, e mais, que as marcas iam precisar se render aos tais criadores de conteúdo e influenciadores?

Não imaginamos, mas aconteceu. O mundo vive a chamada "creator economy", ou "economia de criadores", em que quem domina as marcas costuma ter ali por volta de seus 20 anos de idade e uma conta bancária de dar inveja às gerações que trabalham por anos no "mercado tradicional".

A gente recebe no ano inteiro o mesmo dindin que uma única "publi" de um influenciador, com um esforço de 15 segundos de vídeo falando de um produto de uma marca específica.

E se você acha que essa tal "creator economy" não faz diferença, dá uma olhada na quantidade de agências de criadores de conteúdos, que abordam uma diversidade imensa de pautas, e a partir das suas próprias realidades e representatividades, se conectam com marcas que estão à procura de pessoas que representam para a sociedade, que aquele produto é para elas também.

Basicamente, o creator tem um nicho específico de pessoas seguidoras, que se identificam com ele ou com as suas vivências e experiências, e que passam a levar em consideração a sua opinião sobre os serviços e produtos que existem por aí em ampla concorrência.

Basta então este influencer fazer uso de um destes produtos, que a influência para consumo já está validada, e os resultados são muito mais promissores que uma genérica propaganda na televisão, por exemplo. Pois o criador está falando diretamente com a audiência que quer ouvir o que ele tem para dizer, antes de tomar uma decisão sobre o que consumir.

O criador, por sua vez, recebe da marca valores surreais por conta dessa "recomendação" de produto ou serviço. É uma propaganda direcionada, de quem quer falar, para quem busca ouvir. Muito mais eficiente, em se tratando de influenciar a comercialização, do que gritar quando não tem ninguém escutando.

Eu arrisco dizer que a era da propaganda chegará ao fim em breve. Com essa economia de criadores de conteúdo e influenciadores de consumo, não há motivo para investir em mídias genéricas que as marcas nem sabem se tem alguém do outro lado prestando atenção.

Para nós, que chegamos a pensar "tomara que meu filho não queira ser youtuber", talvez tenhamos percebido que não era assim uma péssima ideia.