Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.
Existe vida depois de morrer de amor? A saudade de viver longe dos filhos
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A vida é repleta de desafios e momentos que nos levam a questionar nossos sentimentos mais profundos. Para mim, uma parentalidade trans que se encontra morando longe de suas duas filhas, Anita e Helena, a resposta a essa pergunta parece ser um misto de saudade e esperança.
Quando minha filha mais velha, Anita, nasceu, descobri o verdadeiro significado do amor incondicional.
Por ser um homem trans, minha jornada como mãe dela tornou nosso vínculo ainda mais especial. Ela é minha inspiração, meu raio de sol e meu universo inteiro em um único olhar.
Lembro-me com carinho do momento em que a segurei nos braços pela primeira vez e percebi que meu coração nunca mais seria o mesmo. Ela é a razão do meu viver, a luz que guia meus passos, mesmo estando distante.
A chegada da Helena em minha vida foi um momento transformador. Durante minha transição social de gênero, a adoção dela trouxe uma alegria indescritível.
Helena é a personificação do amor incondicional que une parentalidade e filhos, independentemente das circunstâncias. Ser pai dela é uma honra que levo no peito com orgulho.
Contudo, a vida me levou a morar longe delas. E embora eu tente ao máximo vê-las todo mês, a saudade que sinto é avassaladora. Cada despedida é como uma pequena morte e a ausência delas deixa um vazio profundo em meu coração.
A distância física é uma montanha que precisamos escalar todos os dias.
Porém, na semana passada aconteceu algo especial e que eu esperava muito. Anita veio até a cidade onde estou morando e pudemos passar um dia juntos. A felicidade que senti ao vê-la novamente foi indescritível.
Aquele breve momento foi suficiente para me lembrar que o amor é a força motriz que sustenta nossa relação, mesmo quando a distância nos separa.
Porém, depois que ela foi embora, a saudade se intensificou trazendo à tona um incessante questionamento sobre a possibilidade de existir vida depois de morrer de amor.
É difícil explicar a sensação de estar distante de alguém que é parte essencial de quem somos. A saudade parece corroer a alma, mas também é um lembrete de que o que sentimos é real e poderoso.
Prefiro ir para o lado da esperança que mencionei antes e acreditar que sim, é possível encontrar vida depois de morrer de amor.
Essa saudade é um reflexo do quão profundo é meu sentimento por minhas filhas e a ausência delas não apaga nossa conexão, mas nos lembra que nosso amor é resiliente. É uma chama que permanece acesa, mesmo que as circunstâncias nos separem temporariamente.
Enquanto isso, eu me agarro às lembranças, aos sorrisos e aos momentos de felicidade que compartilhamos. A saudade pode ser dolorosa, mas também é uma prova do quão significativas são minhas filhas em minha vida.
E quando a saudade aperta, eu fecho os olhos e me lembro do brilho dos olhos das duas, sabendo que meu amor por elas é eterno e que elas são o motor da minha existência, e o que me faz também estar distante para tentar tornar o mundo um lugar melhor para elas.
Portanto, sim, existe vida depois de morrer de amor. É uma vida vivida com a certeza de que o amor verdadeiro é inabalável e transcende qualquer distância ou obstáculo.
Anita e Helena são parte essencial de quem sou, e nossa conexão vai muito além de qualquer espaço físico. Enquanto eu tiver meu amor por elas e elas tiverem seu amor por mim, estaremos sempre unidos, não importa a distância que nos separe.
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