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Noah Scheffel

OPINIÃO

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

Existe vida depois de morrer de amor? A saudade de viver longe dos filhos

Noah e sua filha - Arquivo pessoal
Noah e sua filha Imagem: Arquivo pessoal

28/07/2023 05h00

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A vida é repleta de desafios e momentos que nos levam a questionar nossos sentimentos mais profundos. Para mim, uma parentalidade trans que se encontra morando longe de suas duas filhas, Anita e Helena, a resposta a essa pergunta parece ser um misto de saudade e esperança.

Quando minha filha mais velha, Anita, nasceu, descobri o verdadeiro significado do amor incondicional.

Por ser um homem trans, minha jornada como mãe dela tornou nosso vínculo ainda mais especial. Ela é minha inspiração, meu raio de sol e meu universo inteiro em um único olhar.

Lembro-me com carinho do momento em que a segurei nos braços pela primeira vez e percebi que meu coração nunca mais seria o mesmo. Ela é a razão do meu viver, a luz que guia meus passos, mesmo estando distante.

A chegada da Helena em minha vida foi um momento transformador. Durante minha transição social de gênero, a adoção dela trouxe uma alegria indescritível.

Helena é a personificação do amor incondicional que une parentalidade e filhos, independentemente das circunstâncias. Ser pai dela é uma honra que levo no peito com orgulho.

Contudo, a vida me levou a morar longe delas. E embora eu tente ao máximo vê-las todo mês, a saudade que sinto é avassaladora. Cada despedida é como uma pequena morte e a ausência delas deixa um vazio profundo em meu coração.

A distância física é uma montanha que precisamos escalar todos os dias.

Porém, na semana passada aconteceu algo especial e que eu esperava muito. Anita veio até a cidade onde estou morando e pudemos passar um dia juntos. A felicidade que senti ao vê-la novamente foi indescritível.

Aquele breve momento foi suficiente para me lembrar que o amor é a força motriz que sustenta nossa relação, mesmo quando a distância nos separa.

Porém, depois que ela foi embora, a saudade se intensificou trazendo à tona um incessante questionamento sobre a possibilidade de existir vida depois de morrer de amor.

É difícil explicar a sensação de estar distante de alguém que é parte essencial de quem somos. A saudade parece corroer a alma, mas também é um lembrete de que o que sentimos é real e poderoso.

Prefiro ir para o lado da esperança que mencionei antes e acreditar que sim, é possível encontrar vida depois de morrer de amor.

Essa saudade é um reflexo do quão profundo é meu sentimento por minhas filhas e a ausência delas não apaga nossa conexão, mas nos lembra que nosso amor é resiliente. É uma chama que permanece acesa, mesmo que as circunstâncias nos separem temporariamente.

Enquanto isso, eu me agarro às lembranças, aos sorrisos e aos momentos de felicidade que compartilhamos. A saudade pode ser dolorosa, mas também é uma prova do quão significativas são minhas filhas em minha vida.

E quando a saudade aperta, eu fecho os olhos e me lembro do brilho dos olhos das duas, sabendo que meu amor por elas é eterno e que elas são o motor da minha existência, e o que me faz também estar distante para tentar tornar o mundo um lugar melhor para elas.

Portanto, sim, existe vida depois de morrer de amor. É uma vida vivida com a certeza de que o amor verdadeiro é inabalável e transcende qualquer distância ou obstáculo.

Anita e Helena são parte essencial de quem sou, e nossa conexão vai muito além de qualquer espaço físico. Enquanto eu tiver meu amor por elas e elas tiverem seu amor por mim, estaremos sempre unidos, não importa a distância que nos separe.

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** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL