Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.
A bota de salto alto de Marcos Frota e o que ela nos diz sobre gênero
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O "buzz" no calçado que Marcos Frota foi visto usando, uma chamada "bota de salto masculina", nos mostra como a cultura de "como homens e mulheres devem se comportar, vestir e agir" ainda é extremamente presente em tudo.
Esse é por anos um molde disseminado na nossa sociedade, servindo apenas para reforçar estereótipos de gênero, que por consequência aumentam as desigualdades e deixam de fora dessa mesma sociedade outras expressões de gênero e violenta quem "foge dessa norma".
A imagem de um homem usando uma bota de salto é algo que foge aos padrões tradicionais de masculinidade que temos vivenciado. A reação pública, em notícias em portais e páginas de redes sociais, mostra pra todas as pessoas que nós ainda temos um choque com relação à quebra desses padrões - algo que deveria ser natural, uma vez que tais estereótipos nem deveriam existir.
E pior, ainda reforça o padrão não apenas pelos comentários depreciativos, piadas e questionamentos sobre masculinidade do ator. Mas reforça também ao chamar uma bota de "masculina". Afinal, ela é para usar no pé e não na genitália, mesmo que genitália definisse gênero (o que não é verdade).
E esse tem sido um dos grandes problemas com relação à quebra de estereótipos de gênero: nós nem sequer ainda conseguimos tirar o gênero de roupas, de calçados, de brinquedos. Ainda chamamos roupas de masculinas ou femininas, brinquedos de menina ou menino, e assim por diante, aprisionando as pessoas em caixas pré-concebidas, sufocando suas individualidades e autenticidades.
Numa época em que lutamos tanto por equidade de gênero através do feminismo, por exemplo, de encontro com ainda temos a questão da performance da masculinidade, da masculinidade tóxica, e esse início de discussão necessária que se dá ainda de forma muito lenta.
Temos de avançar mais rápido pois essa discussão atravessa questões como a violência, o silenciamento, as paternidades, a representação perante demais pessoas, o não acesso à saúde masculina, a comunidade LGBTQIAPN+, o mercado de trabalho, e outros. Precisamos urgentemente falar sobre masculinidades!
Para criar uma sociedade mais equânime e inclusiva, é essencial repensar nossas crenças e questionar os estereótipos que nos cercam.
A desconstrução desses padrões ultrapassados é uma tarefa coletiva que requer empatia, educação e respeito. Podemos começar por aceitar que não há uma única maneira "correta" de ser homem ou mulher ou qualquer outro gênero. Cada pessoa é única e tem o direito de se expressar da maneira que quiser.
A história de Marcos Frota usando uma "bota de salto masculina" é uma amostra real e recente de que ainda há muito trabalho a ser feito para alcançar uma sociedade livre de estereótipos de gênero.
Que seja também um lembrete para que percebamos que os passos dessas botas, têm pressa.
*
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