Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.
Dubai: megalópole em busca do equilíbrio entre natureza e desenvolvimento
A Expo 2020 foi um evento grandioso que reuniu muitos países entre outubro de 2021 e março de 2022. A Exposição Universal acontece com intervalos de 5 anos, desde 1851, em países diferentes a cada nova edição. Por lá passam conversas sobre tecnologia, comunicação e inovação. Os desafios sociais e econômicos, e a busca por um equilíbrio entre a expansão e um olhar voltado à natureza também ganham palco.
Essa foi a primeira vez que fui ao evento, que teve o mote de "Conectando Mentes, criando o Futuro". Muitos temas importantes foram abordados nos mais de 200 pavilhões, e 191 países participaram. A temática do encontro mostrava a preocupação com assuntos como sustentabilidade, mobilidade e a geração de oportunidades. Participar deste momento foi, sem dúvida nenhuma, uma experiência enriquecedora sob todos os aspectos.
Como Diretora de Relações Institucionais do Pacto Global da ONU, pude falar do sucesso do Case Brasil dentro das Redes Locais do Pacto, como sendo a 3ª maior rede do mundo e contando com mais de 1.500 membros. Isso mostra como temos buscado cada vez mais empresas que se conscientizem sobre seu crescimento e comprometimento sustentável, sem perder de vista a necessidade de envolver e gerar impacto significativo nas instituições brasileiras, dentro dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da Agenda 2030.
Em Dubai, vi e vivi com intensidade tudo o que pude. Conheci culturas de países que se destacaram por costumes que demonstraram preocupação com o planeta. Circulei entre os pavilhões, assisti a shows, visitei exposições com intervenções artísticas que, de fato, impressionam pela sua criatividade.
Tive poucas oportunidades de sair dos espaços da Expo e entrar no mundo de quem trabalha na maior e mais importante cidade dos Emirados Árabes Unidos - cidade esta que nasceu voltada para o turismo. Pensar em Dubai é pensar na riqueza, na modernidade, na tecnologia de ponta, nas enormes construções de prédios que se perdem ao nosso olhar de tão altos e na beleza sem fim do conjunto. De fato, ela é suntuosa.
Conversar, saber de outros olhares tão diferentes, mas ao mesmo tempo tão conhecidos do dia a dia de meu país, me fez despertar para questões não menos importantes como os direitos humanos, o crescimento desproporcional e desenfreado de intervenções à natureza, e entender que as diferenças sociais ainda são carregadas de sofrimento, não importando o lugar.
Imigrantes procurando um mundo melhor prestam serviços como taxistas, porteiros, entre outras atividades profissionais de base, recebendo baixa remuneração para uma cidade que visivelmente é luxo puro. Acredito que essas pessoas, quando chegam a Dubai, estão com muitos sonhos na cabeça, mas ficam reféns aos costumes da cidade.
Impressionante foi minha visita a Abu Dhabi. Logo notei que a 2ª maior cidade dos Emirados mostrava costumes diferentes. Conheci uma Mesquita. Com certeza é um lugar de muita beleza e brilho. Tive que alugar uma burca para ter acesso liberado ao Templo. Sensação estranha.
Observei contradições entre a modernidade de uma cidade que cresceu pensando em maravilhar um mundo que se curvou diante de seu planejamento como grande metrópole, mas que já dá sinais da falta de percepção quanto ao que acontece no seu entorno, como a areia que está invadindo e terras que estão se tornando improdutivas.
A natureza está mostrando que é necessário haver integração entre ela, a tecnologia, a inovação e as pessoas. Decisões importantes devem ser tomadas pelos líderes dos países, com apoio da sociedade como um todo, a fim de que se encontre um equilíbrio sustentável num futuro próximo. Ouso dizer que até bem próximo. Sigo acreditando que vamos conseguir mostrar às próximas gerações que respeitar é preciso.
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