Lula é o prato da vez na COP27, enquanto Bolsonaro segue na 5ª série

Cheguei a Sharm El Sheikh na semana passada para participar da 27º edição da Conferência de Mudanças Climáticas das Nações Unidas, a COP27, e todo mundo me pergunta sobre uma única coisa: Lula.

Fato é que a comunidade internacional está à espera do Brasil de volta ao jogo internacional, sempre fomos um ator chave na construção da paz e da promoção de diálogos, ainda que difíceis, e nos últimos quatro anos fomos sendo isolados do mundo.

E enquanto Bolsonaro segue na quinta série, não cumpre seu papel de presidente e fica como um velho mimado reclamando, Lula representa ao menos a intenção de voltar ao que é essencial para o Brasil e para o mundo.

Digo que Lula é o prato da vez não apenas pelo valor da Amazônia na agenda global de combate às mudanças do clima, mas porque a bioeconomia brasileira pode nos ajudar a destravar economicamente.

Mas vale dizer que nem tudo são flores, Lula assume um Brasil em que só na Amazônia há mais de mil pistas de pouso ilegais, usadas como rotas do tráfico; uma floresta que neste momento sequer compensa suas próprias emissões, um orçamento que não tem margem para muitas mudanças, pelo menos no primeiro ano.

Lula tem desafios: Primeiro precisamos saber para onde queremos ir como país; revisão do pacto federativo criando uma coalizão entre entes nacionais e subnacionais; revisão orçamentária para simplificar o acesso aos recursos e compartilhar as responsabilidades nas execuções e reconstruir o Brasil com um congresso mais conservador, com o qual o diálogo será necessário.