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OPINIÃO

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

Carreira de impacto social: nem sempre o que escolhemos fazer já tem nome

nortonrsx/Getty Images/iStockphoto
Imagem: nortonrsx/Getty Images/iStockphoto

Julia Melo*

colaboração para ECOA, de São Paulo (SP)

25/01/2023 06h00

Eu estou terminando o ano literalmente pedindo dinheiro. Salvo as devidas proporções do desequilíbrio socioeconômico mundial aqui consideradas, pedir dinheiro não é uma tarefa fácil. Falo como uma empreendedora social no Brasil dos últimos sete anos, especificamente liderando o Amani Institute Brasil, uma organização sem fins lucrativos que prepara pessoas e organizações para que as mesmas se engajem de forma profissional com assuntos de impacto socioambiental através da educação adulta e profissional.

Já trabalhei com educação pela paz em uma organização internacional, já trabalhei para educação rural no Amazonas, na Amazônia do Brasil, entre outras experiências, mas empreender, essa, minha irmã, é uma jornada em si. É como realizar que se está vivendo um dos maiores desafios da sua carreira. No auge dos meus trinta e três anos, quase trinta e quatro completos em fevereiro de 2023, e sim sou de aquário com ascendente em peixes. Já diz o ditado: rapadura é doce, mas não é mole não.

A escolha de uma profissão é como apontar um horizonte para o que gosto de chamar de carreira. Às vezes essa profissão não tem nome ainda, o que foi meu caso quando comecei, mas o caminho foi sendo construído e aqui estou: trabalho remoto, em Belo Horizonte, Minas Gerais, minha terra natal, junto com uma mini e poderosa equipe de mulheres: uma na Bahia, outra no Rio Grande do Norte e duas no estado de São Paulo.

Quando encontro uma pessoa nova, ou antigos amigos que não via há anos, geralmente vem a derradeira pergunta: "Cê mexe com o quê?" O que significa perguntar "com o que você trabalha", só que do jeitinho mineiro. "Nossa, que interessante, me conta mais!" ou algo do tipo é geralmente a resposta que recebo. É de impacto social, mas não é mole não. Ninguém duvida, mas entender mesmo, é difícil.

Parece que o perrengue faz parte da história de quem trabalha com impacto, mas ando me perguntando como encontrar formas em que a carreira nesse campo seja não só apenas interessante e um bom assunto entre amigos, mas que seja mais um convite para que qualquer pessoa se envolva com o criar impacto social, das mais variadas formas.

Todo ano, sempre realizado na primeira terça-feira depois do Dia de Ação de Graças (o Thanksgiving Day) muito celebrado pelos estadunidenses, se celebra o Dia de Doar lá fora. Tem nome de #GivingTuesday, que significa "terça-feira da doação". Vem na sequência de datas comerciais já famosas, como as BlackFriday e CyberMonday. O Dia de Doar é um movimento para promover a generosidade. É uma mobilização que promove um país mais solidário, por meio da conexão de pessoas com causas. E faz isso celebrando o prazer que é doar e o hábito de doar o tempo todo.

Em 2022, foi no último dia 29 de novembro, mas a reflexão continua. Bom, eu mexo, ou trabalho, com inovação social, empreendo o Amani Institute Brasil que acredita que no futuro, mesmo que possa parecer ainda distante, todes vamos ir ao trabalho para criar impacto socioambiental. Hoje, alguns de nós estarmos trabalhando já é um impacto, como pode comprovar o movimento de empregabilidade trans, a TransEmprego, entre outras iniciativas que admiro tanto.

O Amani Brasil hoje quer ser mais que uma organização que oferece as melhores formações e treinamentos profissionalizantes para o ecossistema de impacto socioambiental no mundo, o Amani do Brasil quer convocar pessoas e organizações a nos ajudar a garantir uma maior diversidade e inclusão na nossa Formação em Impacto Social (FIS) e termos mais pessoas brasileiras preparadas para construir um mundo e um país melhor para todes nós. A Formação, em 2023, vai para sua décima sexta turma e precisa de um ciclo de apoio para poder seguir operando no país. Conheça o Amizades Amani mensal ou anual e junte-se ao movimento, isso é apenas um convite. Todas as pessoas são bem vindas. Como diz a Erika Hilton: se a gente avança, ninguém retrocede.

Buscando vagas de emprego e impacto social? Confira a página Carreiras de Impacto do Amani Institute Brasil, oportunidade é o que não falta. Para quem me ler, desejo um próspero final de ano e um ainda mais próspero ano novo.

*Julia Melo é Diretora Nacional e Empreendedora do Amani Institute no Brasil, parceira do Prêmio ECOA 2021. Julia lidera a organização no país e se concentra em expandir nacionalmente, mantendo sua essência e conexão com o global. Do mundo, de Minas Gerais, Júlia é especialista em Inovação Social (2014) pelo próprio Amani quando só existia Amani Quênia, já com o sonho de trazer o Amani para o Brasil. Junto com Ilaina Rabbat, Julia cofundou o Amani Institute Brasil em 2015 e segue na liderança do mesmo até hoje.