Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.
Comemorar só o aumento do PIB é agir como banqueiro egoísta
O PIB do primeiro trimestre cresceu acima do esperado e muita gente está comemorando sem saber o que isso significa exatamente. Mas comemorar o aumento do PIB faz sentido?
Esse índice mede a geração de riqueza no país, aparentemente algo bom, mas tem algumas pegadinhas que os economistas de mercado não te contaram. Avaliar um país só pelo PIB traz dois grandes problemas:
1. O PIB não considera a pobreza nem desigualdade:
Imagine que um prédio comercial tem 10 empresas. A Microsoft e mais nove. Em determinado ano, a Microsoft cresce muito, porém todas as demais empresas do edifício vão muito mal.
Como a Microsoft é MUITO maior, o "PIB" do prédio vai crescer, mas isso não significa que todas as empresas estão melhores.
É exatamente isso que acontece no país, a riqueza é tão concentrada que o aumento do PIB normalmente tende a ir para o bolso de pouquíssimas pessoas.
Para medir desigualdade há o índice de Gini. Por acaso você escutou alguém falar desse índice?
2. O aumento do PIB não significa que o país está melhor:
PIB é a visão que banqueiro egoísta tem da sociedade. Explico:
"Alguns" banqueiros só querem saber de lucro, independente se é por meio de uma empresa que compra gado cuja origem é uma área de desmatamento na Amazônia ou de uma empresa que matou um rio, algumas pessoas e ou que empobreceu indígenas.
Olhar só o PIB e ignorar de onde vem é ter uma visão que coloca o lucro acima de qualquer valor moral.
O PIB cresce:
- se mais crianças vão para o hospital
- se aumentam os casos de câncer
- se vendem mais armas
O índice não leva em conta o desemprego, a fome, a poluição, nem a saúde das pessoas.
O PIB é um índice, que sozinho não significa que estamos melhores como sociedade pois ele indica o aumento não a distribuição de renda.
Então, vamos parar de endeusar o PIB e entender que a vida é muito mais complexa do que um número usado por banqueiros egoístas.
*João Paulo Pacifico é CEO do Grupo Gaia
*
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