Opinião

123milhas: o que explica a crise na gigante de viagens?

Você já deve ter ouvido que a gigante de viagens 123milhas anunciou que todas as compras do pacote PROMO, para viagens de setembro a dezembro de 2023, serão suspensas.

Pessoas com viagem marcada, hotel e passeios reservados, muitas vezes sonhos envolvidos... ficarão sem o voo. Avisaram isso há menos de duas semanas.

Como contrapartida, a empresa dará um voucher do valor pago corrigido, que só poderá ser usado na própria 123milhas. Se agora eles não conseguem honrar, quem dirá no futuro, após esse escândalo.

Mas o que está por trás disso?

Mergulhei para entender como funciona a empresa e, exercendo o papel de "engenheiro de obra pronta", concluí que não tinha como essa empresa dar certo. Em algum momento o castelo de cartas iria cair.

A 123milhas funciona assim:

1. A empresa vende passagens que ela não tem. Isso mesmo que você leu. Ela vende as passagens, informando que pode alterar o voo para um dia antes ou depois, mantendo o tempo da viagem;

2. Em seguida, ela aplica esse dinheiro do cliente e vai comprar milhas. Mas, as companhias aéreas não permitem a comercialização das milhas;

3. A empresa transforma as milhas compradas ilegalmente em passagens.

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Uma empresa que vende passagens que não tem, que compra milhas que as companhias aéreas não permitem que sejam comercializadas, mas contrata influenciadores para atrair os clientes.

E por que deu errado agora?

A 123milhas sempre funcionou assim. Mas agora, dentre tantos outros fatores, o preço das passagens aumentou. Por isso, a empresa não vai honrar os compromissos e milhares de clientes estão vendo seu sonho se tornar pesadelo.

Se você é uma dessas pessoas, busque seus direitos.

Demissões suspeitas

Em abril deste ano, foi noticiado no Aeroin, um site especializado em notícias de aviação, que as empresas aéreas demitiram dezenas de funcionários por revenderem passagens de forma irregular.

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Segundo o site, o esquema pode ter movimentado mais de R$ 1 milhão. Obviamente não posso fazer qualquer relação com o escândalo da 123milhas, mas seria importante o Ministério Público investigar esse caso.

Cuidado com tudo o que é muito barato. Alguém vai pagar o preço, e normalmente não serão os donos da empresa...

*João Paulo Pacifico é CEO do Grupo Gaia

Errata:

o conteúdo foi alterado

  • Diferente do informado anteriormente R$ 1 bilhão, o esquema movimentou R$ 1 milhão.

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Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL.

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