Opinião

Privatizar é solução para evitar erros? Enel prova que não

Privatizar é a solução para evitar falcatruas, melhorar a gestão de pessoas e a eficiência (contém ironia). Ao privatizar, empresas que eram públicas passam a ser controladas por competentes investidores (contém muita ironia).

Mas, pensando no bem comum, gostaria de sugerir um curso que poderia ser dado por grandes nomes do incrível capitalismo brasileiro (haja ironia).

Dizem que empresas públicas têm muita falcatrua, desvios. Por isso, é importante ter aula de governança para termos excelência na gestão.

Então, essa aula poderia ser dada pelo trio de bilionários da Americanas, Leman, Sicupira e Teles. Eles podem mostrar como fraudar R$ 40 bilhões e continuar sendo amados pelo mercado financeiro.

A Magalu que cometeu um "erro contábil" de R$ 850 milhões poderia dar um módulo sobre contabilidade criativa.

A aula de gestão de pessoas poderia ser dada pelo Starbucks, que demitiu e não pagou a rescisão, conforme matéria publicada na Folha de S. Paulo. Essa mesma rede compra café de fazendas com trabalho infantil e análogo à escravidão, de acordo com reportagem do site Repórter Brasil.

A aula de eficiência seria dada pela Enel, que é responsável pela luz dos paulistanos. Depois da privatização, demitiram 36% dos funcionários aumentando o seu lucro. A falta recorrente de luz em São Paulo é apenas um detalhe que não vem em conta.

A Vale, empresa responsável pelos desastres de Mariana e Brumadinho, poderia dar uma aula sobre sustentabilidade.

Os gestores de empresas públicas têm muito a aprender. Quem sabe com esses cursos conseguirão ter empresas sadias e com bom serviço como as empresas privadas Sabesp, Banco do Brasil e BNDES… ops, elas são públicas.

Observação: A Enel, que comprou a Eletropaulo na privatização, é controlada pelo Estado Italiano, mas no contexto brasileiro age como uma empresa privada.

*João Paulo Pacifico é CEO do Grupo Gaia

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Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL.

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