Como cooperativas ligadas ao MST já captaram mais de R$ 20 milhões na Bolsa
Para desgosto daqueles que torcem contra e espalham fake news, mais uma cooperativa ligada ao MST captou recursos no mercado financeiro. Dessa vez foi a Coapar, que produz 35 mil litros de leite por dia.
Já esclarecendo, não é o MST que capta recursos, mas sim cooperativas que produzem alimentos e são ligadas ao movimento.
Mas MST não é aquele que invade terras e não trabalha?
NÃOOOO!!! MST é um movimento que luta para que pessoas tenham um pedaço de terra para plantar e viver. Isso está na Constituição Federal.
Grande parte da população desconhece a reforma agrária. Mas você sabe o que é? Reforma agrária é a desapropriação de grandes áreas improdutivas para que trabalhadores rurais sem terra possam plantar. A desapropriação é feita mediante PAGAMENTO. Não é roubo.
E as ocupações são uma forma de pressionar o poder público. Não é invasão, é ocupação. Quem invade é grileiro, que toma áreas públicas para apropriação particular.
Vários países fizeram a reforma agrária, incluindo EUA, Inglaterra, Holanda, Suécia, Japão e Itália.
E por que cooperativas do MST captam recursos no mercado de capitais?
Como qualquer organização, as cooperativas precisam de recursos para comprar matéria-prima, fazer investimentos e ter capital de giro.
Fizemos diligência jurídica em todas as cooperativas com as quais trabalhamos (já são mais de sete) e TODAS estavam completamente regulares.
Já faz alguns anos que a Gaia (empresa que represento) estrutura instrumentos financeiros para financiar agricultores familiares. Só as cooperativas ligadas ao MST já captaram mais de R$ 20 milhões e até o momento os investidores estão felizes com o resultado.
"Mas como faço para investir?"
Essa é a pergunta que eu mais ouço. O mercado financeiro é excludente. As regras tornam muito mais difícil, trabalhoso e demorado criar produtos financeiros acessíveis. Por isso, a grande maioria dos investimentos são exclusivos para grandes investidores. Isso me incomoda muito.
Já fizemos uma operação em que qualquer pessoa pode investir a partir de R$ 100. Levamos mais de um ano para colocar de pé, fizemos um prospecto de mais de 700 páginas. E foi um sucesso. Por isso, estamos trabalhando para que ano que vem possamos fazer outra nesses moldes.
Num mundo em que o dinheiro tem sido usado só para aumentar a concentração de renda e a exclusão das pessoas, a gente investe para produzir alimentos, cuidar da natureza e reduzir as desigualdades. O nome disso é investimento de impacto.
*João Paulo Pacifico é CEO do Grupo Gaia
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