Como o Pix vai revolucionar as formas de doação
Nesta semana foi dada a largada na corrida do Pix e você provavelmente já deve ter recebido alguma notificação para fazer o cadastro das suas chaves no seu banco. O Pix é o novo sistema de pagamentos criado pelo Banco Central, cuja principal característica é o fato de ser instantâneo. Através de uma chave de identificação é possível realizar transação de valores de forma rápida, fácil e gratuita para qualquer outra pessoa que também tenha Pix.
A nova ferramenta foi lançada em fevereiro deste ano, mas ganhou grande destaque nesta semana, quando foi iniciado o cadastramento de usuário (Pessoa Física ou Jurídica) na plataforma de pagamento. De acordo com o Banco Central, as instituições financeiras e de pagamento com mais de 500 mil contas de clientes ativas serão obrigadas a participar do Pix, ofertando a seus clientes todas as suas funcionalidades. O sistema de pagamento instantâneo, que já é bastante utilizado em países como Índia e Reino Unido, começará a operar no Brasil em 16 de novembro.
Sem dúvidas o Pix vai facilitar - e agilizar - as transações que até então são feitas por TED, Doc e boletos. Agora pensando no terceiro setor, como será esse impacto nas doações?
Para nos responder essa questão, convidei o João Paulo Vergueiro, diretor executivo da Associação de Captadores de Recursos (ABCR), que estima que o Pix terá um impacto significativo na filantropia.
Hoje em dia a maior parte das doações é feita por meio de boletos, cartão de crédito ou transferência bancária. Como você enxerga os meios de doações atuais no Brasil?
Embora ainda seja um meio bastante utilizado, o boleto não é um meio que foi criado para a doação, ou que facilite a doação. Ele apresenta algumas dificuldades como meio de doação: a pessoa tem que realizar o ato de pagar - indo na lotérica ou no seu banco (mesmo que no app). Além disso ele é mais inseguro para a instituição, pois a emissão do boleto não significa que ele irá ser pago, e o boleto dificulta a recorrência. Hoje, o cartão de crédito é o principal meio para doação recorrente.
Qual a sua percepção sobre a migração das doações para o Pix?
Grande parte da população é desbancarizada e a maioria ainda não tem cartão de crédito. Com a chegada do Pix, todo mundo que tiver um celular com um aplicativo de pagamento - seja do seu banco, picpay, paypal, mercadopago, Ame Digital, Nubank - vai poder transacionar via Pix com qualquer outra pessoa que também tenha o Pix. Ou seja, qualquer um que tenha esses aplicativos vai poder fazer uma doação de forma instantânea e a instituição recebe na conta na mesma hora.
E como você vê isso na prática?
Imagina você estar em um leilão beneficente, onde a pessoa dá o lance e ela ganha. Na mesma hora você mostra o QR Code e ela lê o código com o aplicativo cadastrado no Pix. Naquele mesmo instante, o dinheiro entra na conta da organização! Na mesma hora. É instantâneo, independente da hora do dia.
Além disso o Pix vai permitir a inclusão, trazer pessoas que não doam porque não têm acesso ao dinheiro naquela hora, e a questão de ter dinheiro na mão tá indo toda pro online.
Qual o impacto que isso pode ter a médio prazo para as organizações do terceiro setor?
O PIX pode contribuir para a sustentabilidade financeira das organizações sociais, uma vez que facilita a mecânica das doações. Em razão de ser instantâneo e poder ser utilizado por qualquer pessoa que tenha um celular, o PIX tende a aumentar o número de doações, além de permitir que a ONG recebe recursos livres mais rápido.
As ONGs poderão divulgar e promover sua chave PIX por meio de folhetos, mídias sociais, em eventos, etc. Estou otimista que será muito benéfico para o setor.
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