Famílias podem trazer mais cultura e menos consumo para o Dia das Crianças
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Está chegando aquele dia tão esperado pelas lojas de brinquedos e pelas crianças. O dia do consumo, de acumular mais um badulaque na estante do quarto.
Na minha casa, quando eu era criança, não tinha essas coisas, não. Meu pai nunca aceitou esse tipo de "dia de alguma coisa". Não tinha dia das crianças, dos pais, das mães, etc. Dizia: "Isso é feito para a gente ficar comprando, não é um dia especial". Mas aniversário, Páscoa e Natal tinha. O aniversário era "O Dia", e os outros dois, a família entrava na dança dos presentes, ufa!
Com esses valores vindos de casa, já adulta sinto uma certa incoerência interna: tem anos que celebro, dou presente, faço algo especial, e em outros finjo que não existe. Uma vez, numa sessão de terapia, levantei essa questão. Ouvi algo que de alguma forma me satisfez. "Use esses dias para presentear com algo que a criança queira ao invés de passar o ano todo comprando coisinhas. Mas é importante explicar que é um dia inventado pelo comércio para poder vender", disse ela. Achei boa essa ideia de dar presentes em dias pontuais, mas ainda fico em dúvida em relação a esse consumismo atroz.
Dia desses, meu filho voltou da escola dizendo que não pediria mais para eu comprar brinquedos e roupas, porque tudo que era produzido gastava muita água e gerava lixo. Hoje, acho que esse discurso é o que faz mais sentido. Sendo assim, proponho um Dia das Crianças cultural. Um cinema, um teatro, um passeio no parque com piquenique, um filme em casa com pipoca e bolo feito junto com os pequenos, e, depois, uma sessão de jogos de tabuleiros com a família toda envolvida. Com certeza, será um dia mais lembrado pelas crianças do que aquele brinquedo que depois de quinze dias vai estar coberto de pó na estante.
Escute os episódios do Programa Maritaca relacionados ao tema:
"Criança tem mãos pequenas, pés pequenos e orelhas pequenas, mas nem por isso tem ideias pequenas." São palavras da escritora e ilustradora italiana Beatrice Alemagna, que buscou responder de forma poética e bem-humorada a uma pergunta desafiadora - que, aliás, dá nome ao livro: "O que é uma criança?". As ilustrações ocupam brilhantemente as grandes páginas da obra, lançada em 2010 pela WMF Martins Fontes, e fazem jus aos diversos prêmios já recebidos por Beatrice ao longo de sua carreira. Da mesma autora, vale conhecer também "Os Cinco Esquisitos" e "Pequena Coisa Gigantesca".
PITACO DE FILME
"Quero Ser Grande", de 1988, é um filme que marcou a infância de muita gente que, hoje, é pai ou mãe de uma criança pequena. O garoto Josh Baskin, de 13 anos, deseja ser grande e, pra sua surpresa, se vê, de fato, transformado num adulto (interpretado por Tom Hanks, que recebeu por este papel sua primeira indicação ao Oscar). Depois de muitas aventuras, incluindo uma cena memorável num teclado eletrônico gigante de uma loja de brinquedos, ele percebe que precisa escolher se continua sua vida como adulto ou se volta a ser criança. Este é um dos últimos exemplares de filmes ingênuos na história do cinema norte americano, e nos desafia a pensar sobre a importância de viver cada fase da vida plenamente, sem querer apressar os tempos, mesmo diante das mudanças e dos nossos desejos.
PITACO DE MÚSICA
Tem música com criança na letra, criança no arranjo ou alma de criança. Aqui, algumas dicas para sentir a infância pertinho novamente.
Ouça a música "Bola de Meia, Bola de Gude"
Expediente
Criação: Mariana Piza
Edição: Camila Rossi
Produção: WIP Ventures
Ilustrações Maritaca: Estúdio Anêmona
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