Por que defender cidades para a primeira infância?
Se inicialmente o conceito de cidades para primeira infância pode parecer específico ou segmentado, são muitos os benefícios e impactos coletivos do desenvolvimento urbano com essa perspectiva. A conta fica ainda mais nítida no cálculo financeiro, segundo o qual cada dólar investido em políticas para a primeira infância (0-6 anos) traz um retorno superior a U$ 7 (R$ 37, na cotação atual), segundo o estudo "Investir no desenvolvimento na primeira infância: Reduzir déficits, fortalecer a economia", de James J. Heckman, professor emérito de economia "Henry Schultz" da Universidade de Chicago e ganhador do Prêmio Nobel de Economia e especialista em economia do desenvolvimento.
Pensar na primeira infância é refletir sobre a acessibilidade dos serviços urbanos, a qualidade dos deslocamentos na cidade e seus espaços de convivência. Para além da segurança viária e do mobiliário urbano, estamos falando de cidades como laboratórios da vida. São por seus caminhos que os pequenos cidadãos vão descobrir e construir seus territórios, revelar histórias locais e experimentar sua cultura, fazendo pulsar a cidade.
Nesse sentido, iniciativas que promovem a troca de conhecimento e reflexões sobre essa agenda estratégica são de alto valor agregado, potencializando respostas aos gargalos das cidades. A Rede Brasileira Urban95 é um bom exemplo, iniciativa da Fundação Bernard van Leer e do Instituto Cidades Sustentáveis para promover, desenvolver e fortalecer ações, programas e políticas públicas voltadas ao bem-estar e qualidade de vida das crianças de 0 a 6 anos de idade e seus cuidadores.
O projeto apoia municípios na compreensão da importância da agenda e lhes oferece um portfólio de possibilidades, incluindo apoio técnico, diagnósticos, consultorias em mudança de comportamento, elaboração de planos para primeira infância, gestão de dados, planejamento urbano e inclusão em uma rede de parcerias nacionais e internacionais.
Nós, Carol Guimarães e Luanda Nera, ambas coordenadoras do Instituto Cidades Sustentáveis, assinaremos esta coluna quinzenalmente trazendo reflexões, conceitos, boas práticas e iniciativas de sucesso em cidades que estão dedicando um olhar especial para sua primeira infância. Também teremos convidados da rede Urban95 no Brasil e mundo. Carol é urbanista e futura mãe, Luanda é jornalista e mãe já experiente. E ambas vivemos o ambiente urbano em sua complexidade. Acreditamos que a troca de experiências pode ser inspiradora para especialistas, técnicos e servidores para pensar desde o setorial de diferentes espaços ao multissetorial do desenvolvimento urbano, abordando serviços meios e fim e a objetividade e subjetividade nas cidades.
Com a ideia de meritocracia na pauta do debate público e o contraste com a experiência brasileira como um país tão desigual, nunca foi tão urgente o diálogo sobre o investimento e atenção a longo prazo em prol de uma sociedade mais equitativa para todos, assim garantindo o mesmo começo. As cidades precisam incorporar esta agenda transversal e tão importante para o futuro urbano. Se já compreendemos que quanto mais cedo é feito o investimento, maior impacto social ele gera, o que ainda estamos esperando?
Se a retórica urbana é iminente, com 84,72% (PNAD, 2015) da população brasileira vivendo em cidades, é crucial ajudá-las a repensar a abordagem dada ao público infantil, valorizando o desenvolvimento integral do indivíduo como ponto central da construção de sociedades mais justas, humanas e democráticas.
ID: {{comments.info.id}}
URL: {{comments.info.url}}
Ocorreu um erro ao carregar os comentários.
Por favor, tente novamente mais tarde.
{{comments.total}} Comentário
{{comments.total}} Comentários
Seja o primeiro a comentar
Essa discussão está encerrada
Não é possivel enviar novos comentários.
Essa área é exclusiva para você, assinante, ler e comentar.
Só assinantes do UOL podem comentar
Ainda não é assinante? Assine já.
Se você já é assinante do UOL, faça seu login.
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Reserve um tempo para ler as Regras de Uso para comentários.