Recomendações da Unesco para o ensino a distância
Diante de tantas dúvidas e decisões a serem tomadas em relação à pandemia, não podemos perder de vista que uma das áreas mais impactadas pelas medidas emergenciais de combate à disseminação do coronavírus é a educação. Temos acompanhado o fechamento de escolas em diferentes regiões do mundo. A razão não é apenas proteger os estudantes, mas evitar um importante vetor de transmissão, na medida em que crianças e adolescentes têm maior probabilidade de passar assintomáticos pela infecção mas, uma vez infectados, podem contaminar suas famílias.
Visando colaborar para esse desafiador contexto, a Unesco - Organização das Nações Unidas para Educação, Ciência e Cultura - lançou uma lista com 10 recomendações básicas para que o maior número possível de instituições consiga atender o maior número possível de alunos. Como fazer isso? É certo que as condições variam de país para país, de cidade para cidade. Por isso, é compreensível que essa lista seja curta, mas genérica o suficiente para servir de guia geral, ao qual cada rede de ensino poderá acrescer detalhes que respondam a suas demandas específicas. Resumidamente, as diretrizes são:
1. Escolher as melhores ferramentas
É preciso entender quais são as tecnologias disponíveis em cada escola e seu entorno para selecionar as que poderão ser utilizadas regularmente. Isso pode incluir acesso à internet, aulas gravadas em vídeo e transmissões por emissoras de rádio e TV locais.
2. Assegurar a inclusão
À sua maneira, cada escola deve garantir o acesso de estudantes com deficiência ou de baixa renda às atividades desenvolvidas durante o período da pandemia. Instalar equipamentos dos próprios laboratórios das instituições de ensino nas casas dos alunos pode ser uma boa alternativa.
3. Proteger a informação
É importante avaliar a segurança da comunicação online para assegurar a proteção dos dados trocados e não violar a privacidade dos estudantes.
4. Priorizar desafios psicossociais antes de problemas educacionais
Conectar professores, alunos e pais é uma estratégia imprescindível para assegurar interações humanas regulares e facilitar medidas de cuidados sociais, além de entender e resolver desafios originados pelo isolamento.
5. Organizar o calendário
Após compreender a duração do período de suspensão das aulas, avaliar e decidir se o currículo deverá trazer novos conteúdos. A reorganização do calendário precisa levar em consideração as necessidades dos alunos e a disponibilidade dos pais.
6. Apoiar pais e professores quanto ao uso de tecnologias digitais
É fundamental equalizar as capacidades tecnológicas dos estudantes e de quem vai atendê-los. A escola precisa organizar formações de curta duração e prover condições básicas de trabalho dos professores, prevendo acesso à internet para vídeo conferências.
7. Diversificar abordagens usando poucas plataformas
Os educadores devem explorar variadas possibilidades, porém evitar que estudantes e pais usem muitas plataformas.
8. Criar regras e avaliar a aprendizagem
É importante definir regras claras com pais e estudantes. Ao mesmo tempo, os professores devem avaliar continuamente a aprendizagem dos alunos, evitando sobrecarregar os pais.
9. Definir a duração das atividades com base na capacidade dos estudantes
O calendário de atividades deve ser construído de acordo com a capacidade de concentração dos alunos, especialmente perante a adoção de aulas por videoconferência. Módulos de 20 minutos para o ensino fundamental e de 40 minutos para o ensino médio são boas referências iniciais.
10. Criar comunidades e aumentar a conexão
Comunidades de professores, pais e diretores de escolas podem ajudar a combater o sentimento de solidão e o desespero. Por outro lado, favorecem a troca de experiência e a criação de estratégias para enfrentar dificuldades.
São recomendações que valem para diferentes instituições. No caso brasileiro, a desigualdade representa um enorme desafio a ser superado. Não podemos permitir que a parcela mais vulnerável da população fique desassistida neste momento tão crítico. Conforme tenho insistido, o ensino a distância precisa almejar a equidade.
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