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Rodrigo Hübner Mendes

Dicas da Austrália sobre a migração do espaço escolar para nossas casas

09/06/2020 16h14

Um dos pilares de atuação do Instituto Rodrigo Mendes é pesquisar e divulgar boas práticas de educação inclusiva ao redor do mundo. Isso tem se intensificado nestes tempos de emergência internacional, por conta da pandemia. Se já tínhamos barreiras a transpor anteriormente, os desafios agora se multiplicam.

Boa parte do problema está na urgência com que a demanda se colocou. Ainda no final de janeiro, ninguém imaginava um mundo com escolas fechadas e circulação restrita das pessoas na escala com que esses fenômenos ocorreram. Em fevereiro, era imperativo ter soluções imediatas. É bom lembrar que muitas instituições foram eficientes na criação de soluções temporárias, graças à imensa dedicação de seus gestores, docentes e técnicos.

Passado um semestre de experiência, é possível constatar a existência de modelos bem sucedidos e sistematizar boas práticas. Isso refere-se tanto aos profissionais das redes de ensino, como aos familiares dos estudantes, profundamente impactados com esse novo contexto. Como os pais podem apoiar seus filhos em meio de tantas outras demandas sob sua responsabilidade?

É isso que a instituição australiana ACIE - sigla em inglês para Coalizão Australiana para Educação Inclusiva - buscou abordar em um documento enxuto e consistente intitulado "Learning at home during a time of crisis" (Aprendendo em casa em um tempo de crise, em tradução livre). A instituição congrega dez entidades do continente voltadas a práticas e direitos relacionados à educação inclusiva. O documento ressalta alguns pontos de atenção às famílias:

Cuide de si e de sua família: nenhum lar consegue reproduzir com precisão a experiência da escola. Portanto, seja realista, pondere o nível de cobrança em relação à aprendizagem de seus filhos e preserve um ambiente acolhedor para você e sua família.

Mantenha conexão social (virtualmente): crie rotinas para que você e sua família sigam interagindo com o exterior. Vale desde a conversa com vizinhos pela janela até conectar-se com parentes e amigos via internet. É importante manter contato com a escola, entender como ela está planejando a comunicação com os alunos e participar ao máximo das atividades que ela proporciona.

Aproxime-se do conteúdo curricular: certifique-se de que seus filhos estão conseguindo ter acesso aos materiais e conteúdos. Busque entender os recursos que estão sendo providos pela escola, como serviços de apoio individualizado.

Descubra que estrutura funciona para você: veja se a estrutura de divisão do tempo da escola funciona para sua casa. Equilibre a aprendizagem do conteúdo curricular com outros tipos de aprendizagem. Avalie sempre como foi o dia para planejar as semanas seguintes.

Considere outros recursos: além do que a internet oferece (a começar pelas atividades disponibilizadas pela própria escola), explore mais os tradicionais recursos off-line, como jogos de tabuleiro, livros impressos, exercícios físicos, instrumentos musicais, fotos sobre a história da família, etc.

Mantenha registro das conquistas e progressos: pergunte ao seu filho quais foram as descobertas e avanços de cada dia e procure registrar, por meio de anotações e fotos, seu processo de aprendizagem.

Mantenha-se engajado: intervalos regulares ao longo dos períodos de estudo melhoram o engajamento de todos. Converse sobre as rotinas, preferências e identifique o que mais motiva as crianças e adolescentes.

Por fim, peça ajuda sempre que necessário. A escola está aí para isso, mas amigos e parentes podem também ser grandes aliados.

Outras recomendações e conteúdos referentes aos desafios da educação inclusiva nesse período de pandemia podem ser acessados no portal Diversa. Seguirei atento a novas dicas e recomendações que possam apoiar nossas redes de ensino na missão de acolher todos e perseguir altas expectativas para cada um.