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Rodrigo Hübner Mendes

OPINIÃO

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

Prêmio Educador Nota 10: o prestígio que os professores merecem

Joice Maria Lamb recebeu o prêmio de Educadora do Ano em 2019 - Paula Rodrigues/Ecoa
Joice Maria Lamb recebeu o prêmio de Educadora do Ano em 2019 Imagem: Paula Rodrigues/Ecoa

Rodrigo Hübner Mendes

03/06/2022 06h00

A Sala São Paulo ganha um ar diferente e especial quando sobem ao palco os dez ganhadores do Prêmio Educador Nota 10, iniciativa criada pela Fundação Victor Civita em 1988. Durante vários minutos, a plateia aplaude com fervor e admiração. Isso faz da noite um momento emocionante, que reforça a convicção de que a educação no Brasil merece ocupar a posição de absoluta prioridade.

Os premiados são educadores de todo o país, predominantemente de escolas públicas, que enviam seus projetos para serem avaliados por um grupo de selecionadores especialistas nas diversas áreas (Língua Portuguesa, Matemática, Geografia, etc). Após um longo e rígido processo, são escolhidos projetos que realmente fazem a diferença para a aprendizagem de crianças e jovens da Educação Básica.

Minha história na plateia da Sala São Paulo começou há alguns anos, como membro da Academia de Jurados do prêmio. Esse grupo é responsável por definir quem, entre os dez premiados, será consagrado Educador do Ano. Muito maior do que a responsabilidade de avaliar todos os projetos e fazer parte de um júri que entende muito de educação, é a oportunidade de participar de todo o processo que envolve a escolha. Os jurados passam um dia inteiro com os educadores, assistindo a apresentações sobre os projetos desenvolvidos, e têm um tempo determinado para sabatinar os docentes e os gestores escolhidos. No fundo, o que acontece durante esse dia é uma enriquecedora troca.

Guardo com carinho as memórias sobre todos os projetos e todos os educadores que conheci. Lembro-me de Juliana Rohsner, na época diretora da EEEFM Jones José do Nascimento, em Serra (ES). Ela foi uma das vencedoras da edição de 2019 do Educador Nota 10. Quando assumiu a direção, ela encontrou uma escola considerada como uma das mais violentas do estado e com problemas crônicos de indisciplina, depredação e baixa aprendizagem. Juliana fez um trabalho junto à equipe para transformar esse cenário. Para isso, ouviu a comunidade, observou e propôs intervenções de forma respeitosa e se aproximou das necessidades da comunidade e das expectativas dos pais. Ela também fortaleceu lideranças democráticas como o grêmio estudantil e o conselho escolar e soube envolver os professores em um trabalho colaborativo para traçar ações pedagógicas e alcançar metas de aprendizagem. Você pode conhecer mais sobre o trabalho premiado no relato de Juliana publicado no DIVERSA.

Também tenho boas lembranças de ter conhecido o trabalho desenvolvido por Elisângela Dell-Armelina Suruí, na época professora da EIEEFM Sertanista Francisco Meireles, em Cacoal (RO). Premiada na edição de 2017 e eleita Educadora do Ano, ela trabalhava com turmas de alfabetização em uma sala multisseriada, com alunos do 1º ao 5º ano. As crianças falavam tupi mondé, mas tinham tanta dificuldade para escrever nesse idioma quanto para entender os materiais didáticos escritos em língua portuguesa. Por isso, Elisângela preparou junto com o grupo um caderno de atividades de escrita e leitura na língua materna, fazendo conexões com a língua portuguesa. Como se não bastasse, juntos, eles também desenvolveram um conteúdo com a língua de sinais, já que existem muitos surdos no povo paiter. Vale mencionar também que, no ano passado, Elisângela contou sobre a situação dos alunos indígenas em tempos de pandemia e eu escrevi sobre isso em um texto para o Ecoa.

Ao longo dos anos, a Fundação Victor Civita soube valorizar de forma prestigiosa o papel de quem ensina com qualidade por meio de projetos pedagógicos exemplares, que servem como fonte de inspiração para outros educadores. Na próxima semana, terei novamente o prazer de assistir presencialmente a cerimônia, que precisou se adaptar ao formato remoto nos últimos dois anos, em virtude da pandemia.

Se você é educador, inspire-se nos Educadores Nota 10 de 2021, a quem já adianto meus cumprimentos. Mais do que isso, anime-se para se inscrever na próxima edição. Quem sabe a gente não se encontra na Sala São Paulo em breve?