E se a gente assume a responsabilidade pelo nosso sentir?
"Olha, essa semana fulano me fez sentir muita raiva, viu. Impossível conviver com essa pessoa no trabalho!"
"Aquela pessoa lá? Ela me tira do sério!"
"Fulano me deixa muito seguro e tranquilo durante as reuniões com o cliente."
Você tem o hábito de expressar frases como essas acima? Colocando o poder sobre o que você sente nas mãos de outra pessoa? Confesso que, ainda hoje, esse é um hábito que trabalho para mudar.
Se antes eu acreditava que era apenas uma forma de falar, hoje percebo o quanto isso também é uma expressão da forma como me relaciono comigo e com o mundo. Explico.
Quando falo que alguém me fez sentir alegria, ou alguém me fez sentir raiva e indignação, estou dando àquela pessoa de forma ativa o poder sobre meu sentir. E, aqui, lhe convido a um sutil ajuste de perspectiva.
Quando digo que fulano ME DEIXA com raiva, eu poderia dizer que EU ME SINTO com raiva diante de uma atitude que descuida do meu bem-estar ou com a qual não concordo.
Quando digo que fulano ME DEIXA seguro e tranquilo, eu poderia dizer que EU ME SINTO seguro e tranquilo por termos experiências anteriores em projetos onde sua atitude contribuiu para resolvermos problemas críticos que surgiram.
Como disse, é sutil. E pode até soar bobo e desnecessário. Aliás, pouco me importa se você acha importante mudar ou não a forma como fala. O ponto central aqui é nossa atitude diante das ações do outro. Tomarmos consciência de como, às vezes, damos extremo poder ao outro sobre nosso sentir e corremos o risco de perder nossa potência e autonomia enquanto indivíduos.
Perceba que isso não significa tirar a responsabilidade do outro pelos impactos de suas ações. Pelo contrário. É fundamental que uma pessoa perceba o impacto de suas ações no bem-estar dos outros. Ainda que não concorde, ou não compreenda.
Porém, a ideia é, primeiro, compreendermos o que é importante para nós que está sendo cuidado ou não e, a partir daí, sermos mais assertivos ao nos expressarmos a partir dessa clareza.
"Olha, não gostei dessa coisa aqui que você fez. Fiquei puto. Caramba! Acho que não cuidou nem um pouco do respeito à decisão que eu tive. E pra mim é muito importante falarmos essa situação."
"Eu me sinto tranquilo e seguro em ter fulano no projeto, pois trabalhamos juntos no passado e o percebi bastante assertivo nas soluções dos problemas que surgiram."
E o que eu tenho ganhado ao assumir a responsabilidade pelos meus sentimentos?
- Mais autonomia e liberdade de escolha diante das situações que acontecem, a partir da clareza dos impactos das ações do outro em mim.
- Mais abertura para escutar os impactos de determinada situação no outro, lembrando também que não sou responsável pelo que ele sente, mas assumindo a responsabilidade pelas ações que tive.
- Quando quero trazer à tona um conflito, tenho mais recurso interno para sustentá-lo, discutir sobre os impactos gerados e manter o olhar orientado a um próximo passo em sua resolução.
- Diante de situações que cuidam do meu bem-estar, posso trazer mais clareza ao outro sobre quais atitudes suas contribuíram com esse cuidado.
Dedique um tempo de sua semana a perceber seus pensamentos e expressões que podem estar dando ao outro o poder sobre aquilo que você sente.
Então, para algumas dessas situações, faça esse exercício de encontrar quais são as ações e fala do outro que podem ser gatilhos para esses seus sentimentos e identificar aquilo que é importante para você que não está sendo cuidado.
E se você quiser saber mais sobre essa temática, bem como contribuir com uma pesquisa que estamos fazendo sobre desafios comuns do ambiente de trabalho (que são gatilhos para os tipos de expressão que citei no texto), pode acessar esse link aqui.
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