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Tony Marlon

OPINIÃO

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

Dicas para o fim de semana: Colunistas de Ecoa contam o que andam lendo

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03/06/2022 06h00

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A realidade anda impraticável, o mundo vai se acabando assim, aos poucos. E eu que sempre achei que era de uma vez só, com um estrondo furioso no céu, talvez. Parece que não. Ailton Krenak, Sidarta Ribeiro e Chimamanda Ngozi são algumas das vozes mais inspiradoras do nosso tempo, por muitos motivos. Cada qual com os seus. É da cabeça e do coração dessas três pessoas que nasceram algumas das ideias que me fizeram pensar muito nos últimos dias. Que me trouxeram até a proposta deste texto.

Sidarta, em "Sonho Manifesto", escreve que precisamos reaprender a sonhar. Que fomos deixando pelos caminhos da chamada trilha civilizatória um punhado de rituais importantes. Foi em algum lugar deste caminho que ficou o ato de compartilhar o que se viveu de noite. O mundo pede pressa, sem muito tempo para imaginar. Resumiu assim: "Somos seres movidos por crenças, que por sua vez são construídas por narrativas". Muitas delas, ele defende, aparecem nos sonhos que não prestamos mais atenção.

Chimamanda costura a ideia de que "primeiro imaginamos o mundo que queremos, depois caminhamos em direção a ele". Sem sonhos que alimentam a imaginação, o caminho é em círculos. Ou em direção a lugar nenhum. E é aí que entra Ailton Krenak.

Em "Ideias para Adiar o Fim do Mundo", o pensador defende que uma das maneiras mais poderosas para perpetuarmos nossa estadia por aqui, nos mudando radicalmente para conseguir alcançar isso de maneira saudável para todo mundo, é suspendendo o céu: "Suspender o céu é ampliar o nosso horizonte. Não o prospectivo, mas um existencial. É enriquecer nossas subjetividades". E pronto, chegamos onde eu queria.

O que anda lendo, assistindo, escutando as muitas pessoas que nos rodeiam, que as ajudam a suspender o céu, como defende Ailton? Ou a imaginar o mundo em que queremos estar, como descreve Chimamanda. O que tem ajudado a construir as narrativas sobre este lugar seguro, acolhedor e promissor para todas as maneiras de ser e estar no mundo, como diz Sidarta?

Sim, lendo esses autores, as coisas se encontraram nessa pergunta: o que eu poderia começar a ler, escutar, assistir ou viver já neste fim de semana, que me ajudaria a ter ideias para adiar o fim do mundo? Vou começar escutando alguns colunistas de Ecoa.

"Humanidade: uma história otimista do homem", de Rutger Bregman
Indicação de MM Izidoro

Humanidade: uma história otimista do homem, Rutger Bregman - Divulgação - Divulgação
Livro "Humanidade: uma história otimista do homem", de Rutger Bregman
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"A gente sempre pensa que o ser humano é inerentemente mau, mas se fosse assim, talvez teríamos se matado antes de sairmos da primeira caverna em que fomos morar. É com essa ideia que o autor Rutger Bregman, quer provar no seu livro "Humanidade: uma história otimista do homem" que foi na verdade a bondade e a empatia ao próximo que fez com que o homo sapiens virasse a espécie dominante do planeta. Com certeza um dos livros que mais cito ultimamente, principalmente as anedotas sobre guerras e conflitos que não vou estragar aqui, mas que vai mudar sua visão do que você aprendeu nas aulas de história".

"O último ancestral", de Alê Santos
Indicação de Milo Araújo

"O último ancestral", de Alê Santos - Divulgação - Divulgação
"O último ancestral", livro de Alê Santos
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"O livro narra a trajetória de Eliah, um homem negro num futuro ultratecnológico. Neste futuro o culto e a religiosidade afro-brasileira são completamente suprimidos por umas figuras que são um misto de máquinas e homens brancos. Sério, é muito legal. Quem gosta de ficção científica PRECISA ler esse livro. Ele mexeu comigo porque achei mega inspirador ler uma história dessas partindo do contexto brasileiro. São muitas as referências ao nosso cotidiano, cultura, língua, gírias. É muito diferente de ler ficções estrangeiras. É legal ver um homem negro brasileiro tendo notoriedade no meio literário por conta da sua imaginação e inteligência pulsantes. Esse é o Alê Santos. Acredito que muitas crianças ao se depararem com essa história vão se sentir mais estimuladas a criarem e estruturarem suas próprias histórias".

"30 poemas de um negro brasileiro", de Oswaldo de Camargo
Indicação de Mariana Belmont

"30 poemas de um negro brasileiro", de Oswaldo de Camargo - Divulgação - Divulgação
Livro "30 poemas de um negro brasileiro", de Oswaldo de Camargo
Imagem: Divulgação
"Um dos mais importantes intelectuais brasileiros, Oswaldo de Camargo traz nos versos deste livro sua autenticidade poética para tratar de negritude e ancestralidade. 'Eu tenho dentro em mim anseio e glória/ que roubaram a meus pais./ Meu coração pode mover o mundo,/ porque é o mesmo coração dos congos,/ bantos e outros desgraçados,/ é o mesmo', declara o poeta. Numa produção que perpassa mais de quarenta anos de luta e resistência, esta antologia reforça a excepcionalidade da obra de Oswaldo de Camargo, que, a partir da experiência individual e coletiva de homem negro num país de passado escravocrata, reverbera sua voz atemporal. Seu Oswaldo é responsável por esta encantadora abertura de portas, que conduzirá uma nova geração de brasileiros a um encontro com si mesmos".

"Por que amamos?", de Renato Nogueira
"Homens Pretos (não) Choram", de Stefano Volp

Indicações de Edu Carvalho

"Por que amamos?", de Renato Nogueira - Divulgação - Divulgação
"Por que amamos?", livro de Renato Nogueira
Imagem: Divulgação
"Recentemente fiz a leitura casada de 'Por que amamos?', do Renato Noguera, refazendo o pensar sobre o amor, relações e muito mais. E na sequência, o soco que é a literatura de Stefano Volp , refletindo o homem negro e o espaço para ser vulnerável, sentir, sofrer, chorar, existir em seu 'Homens Pretos (não) Choram'".

"Por que começo do fim", de Ginevra Lamberti
Indicação da Mari Rodrigues

"Por que começo do fim", de Ginevra Lamberti - Divulgação - Divulgação
"Por que começo do fim", de Ginevra Lamberti
Imagem: Divulgação
"Ainda não o terminei (sou uma leitora lentíssima), mas os ensaios sobre a vida e morte da italiana Ginevra Lamberti podem nos ajudar a compreender melhor como levar com mais leveza e naturalidade estes momentos mais delicados da existência".