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Tony Marlon

OPINIÃO

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

Série sobre Boate Kiss é feita por projeto que forma jovens de periferias

Familiares de vítimas e sobreviventes do incêndio na boate Kiss fazem vigília em frente ao local da tragédia, em Santa Maria (RS) - Luca Erbes/Futura Press/Estadão Conteúdo
Familiares de vítimas e sobreviventes do incêndio na boate Kiss fazem vigília em frente ao local da tragédia, em Santa Maria (RS) Imagem: Luca Erbes/Futura Press/Estadão Conteúdo

Colunista do UOL

03/02/2023 06h00

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Após uma década, ninguém foi responsabilizado pela perda das 242 vidas durante o incêndio da Boate Kiss, em 27 de janeiro de 2013.

O crime aconteceu em Santa Maria, no Rio Grande do Sul. Mais de 600 pessoas sobreviveram. Uma decisão da Justiça anulou o júri de dezembro de 2021, que havia condenado quatro réus. Hoje em dia todos soltos, nenhuma previsão de novo julgamento.

No ar na Globoplay, a série "Boate Kiss: A Tragédia de Santa Maria" reconstrói justamente os dez dias desse primeiro julgamento. Para isso, escuta as lembranças, dores e os traumas de familiares e sobreviventes na busca por justiça.

A série tem direção do repórter Marcelo Canellas e é coproduzida com um coletivo de audiovisual da própria cidade. Antes de ser assistido por todo o país, foi lançado entre amigos e parentes das vítimas em uma série de eventos que celebram a memória e pedem justiça pelo que aconteceu.

Criado há mais de 25 anos, a TV OVO trabalha formando jovens das periferias e escolas públicas a sonharem o audiovisual como um projeto de vida, uma profissão que elas e eles também podem seguir - por que não. O grupo também produz as suas próprias séries e filmes, vários deles premiados dentro e fora do Brasil.

Antes da parceria com a Globoplay, por exemplo, o coletivo dedicou as suas lentes ao caso da Boate Kiss com o documentário Depois Daquele Dia, de 2018.

Registrar a memória de Santa Maria, aliás, é um dos pilares do trabalho da organização, que busca falar sobre todos os assuntos e temas em suas obras.

Para 2023, a TV OVO trabalha em seu primeiro longa-metragem - são filmes do tamanho desses que a gente assiste na Sessão da Tarde. A partir de um grupo de meninas de uma escola pública periférica de Santa Maria, o coletivo quer conversar sobre tudo que envolve a primeira menstruação.

Ao menos mais 12 ações culturais, que vão de exibição de filmes gratuitos a oficinas de audiovisual, também são previstas.

O grande sonho do grupo para os próximos anos é botar funcionando o Sobrado Centro Cultural, um espaço dedicado aos estudos da comunicação e da memória. O lugar elas e eles já tem, um casão histórico doado ao grupo em 2016. Se você quiser apoiar, só aparecer pelo site.