Vini Jr: Onde estão Santander, Puma e EA Sports, patrocinadores da La Liga?

Mais uma vez, Vini Jr. sofreu ataques racistas em uma rodada do Campeonato Espanhol. E mais uma vez Javier Tebas, presidente da La Liga, organizadora da competição, foi ao Twitter dizer que o jogador brasileiro é injusto ao cobrar a organização. Segundo ele, tudo o que é possível está sendo feito. Visivelmente, não está funcionando, Tebas.

O dirigente usou as redes sociais para responder aos questionamentos de Vini, mas não fez o mesmo para atacar os criminosos da vez. Limitou-se a republicar o perfil oficial da competição, que dizia: "Solicitamos as imagens do ocorrido, vamos investigar." Ser exposto como omisso mobiliza mais do que o crime racista.

Rico e poderoso, o Campeonato Espanhol possui 11 parceiros comerciais. Além do Santander, que é o patrocinador principal, a Puma, EA Sports, San Miguel, BKT, Sorare, Microsoft, Gol Ball, Socios.Com, Golazos ePanini completam o time. Enquanto escrevo este texto, nenhum deles havia se posicionado oficialmente.

O Valencia comprometeu-se a expulsar para sempre do seu estádio os torcedores que repetirem o gesto. O Real Madrid denunciou o caso ao Ministério Público espanhol.

O futebol é um negócio que mobiliza muitos bilhões ao redor do mundo. Mas ele é, antes de tudo, uma história que estimula nossos afetos. Meu coração não é rubro-negro por causa do último balanço financeiro positivo do clube. Meu time me salva dos dias difíceis, do cansaço da vida e do trabalho.

É com ele em campo que eu saio por algumas horas da realidade para depois voltar mais triste ou mais feliz, mas inegavelmente afetado por tudo o que aconteceu nos últimos 90 minutos, mais os acréscimos. E é por isso que uma marca investe tanto em jogadores, clubes e campeonatos.

Ela quer fazer parte dessa experiência marcante, estar no horário das emoções de bilhões de seres humanos ao redor do mundo. Associar o que faz e quem é àquele momento marcante em que um garoto de 22 anos, sorrindo e alegre, realiza seus sonhos e inspira tantos outros em cada canto do planeta, enquanto se diverte jogando bola. Não é isso que acontece hoje, infelizmente.

Vinícius Júnior sofre ataques racistas dia após dia, rodada após rodada, sem que nada de prático aconteça para punir e impedir esse crime. Está na hora daqueles que sustentam economicamente as competições entrarem de fato nesse jogo. E não somente por lá.

Para além de dizerem que não concordam quando crimes assim acontecem, empresas e marcas precisam assumir sua responsabilidade e pressionar os organizadores como nunca fizeram.

Condicionar apoio financeiro e de reputação a uma responsabilização séria, rígida e sem precedentes de todos os envolvidos em crimes de racismo e outras violências. Qualquer coisa menor que isso será vista especialmente por nós, que gostamos de futebol, como omissão ou conivência. É assim que essas 11 empresas querem ser lembradas pela história?

*Atualização: Em comunicado enviado ao colunista Rodrigo Mattos, do UOL, a Puma diz que: "Na PUMA, não toleramos racismo e condenamos qualquer forma de discriminação. Nos solidarizamos com Vinícius Júnior e toda a comunidade do futebol ao condenar os eventos de ontem".

Já o Santander afirmou repudiar "veementemente qualquer forma de preconceito ou racismo".

As empresas não responderam, no entanto, se e como pretendem atuar contra o racismo na La Liga.

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