Tony Marlon

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Opinião

O que medalhas olímpicas têm a ver com projetos sociais? Tudo

O que Rebeca Andrade, Bia Souza e Rafaela Silva têm em comum? Todas elas são medalhistas olímpicas em Paris 2024. Todas elas nos fizeram torcer, e muito, em frente à TV nos últimos dias. Mas, não é só isso.

As três, para ficar em apenas alguns exemplos, construíram uma trajetória de reconhecimento internacional no esporte. De alguma maneira, estão no topo do mundo, e da atenção do mundo, neste momento. E como toda história começa de algum lugar, todas elas encontraram nos projetos sociais uma importante ferramenta para a construção de boas oportunidades até os dias de hoje.

Nos últimos anos, uma parte do Brasil se acostumou a despejar em cima das ONGs (Organizações Não Governamentais) e dos projetos sociais uma série de críticas por falta de conhecimento e, às vezes, má-fé. Dizem que todas elas não têm transparência, o que não é verdade. Que todas elas ganham muito dinheiro pelo pouco trabalho que fazem, o que não é verdade. Que quem trabalha por lá está mudando de vida, em vez de mudar vidas. O que também não é verdade.

Como em todo e qualquer segmento da sociedade, há pessoas e organizações que não jogam com a ética. Busque a área em que você trabalha e pense em exemplos de má conduta. Mas os maus exemplos, que são poucos se olharmos o todo, não podem puxar quem faz um trabalho sério, comprometido, ético e com responsabilidade para o chão da desconfiança. É o que tem acontecido.

Eu sei, uma parte considerável das críticas às organizações sociais e ambientais nos últimos anos eram mais uma estratégia política de grupo do que convicção individual das pessoas que falavam o que falavam. É só nos movimentarmos pelo país para entender como essas ONGs têm um papel fundamental no reequilíbrio das oportunidades. E aqui, cabe dizer: que essas iniciativas nunca queiram substituir o Estado. Educação, saúde, trabalho, e muito mais, são direitos fundamentais, estão na constituição do país. ONG é gestão das urgências, tem outro papel.

Se temos esportistas dando orgulho ao Brasil hoje em dia, é porque lá atrás alguém acreditou que todas as pessoas merecem acessar oportunidades iguais para realizar a vida que vieram ter.

Projetos sociais existem para formar potências olímpicas? Não, ao menos para mim. Eles existem para restaurar o senso de cidadania, para circular oportunidades de desenvolvimento pessoal e cultural entre as pessoas que não têm isso assegurado como direito.

Projetos sociais existem como uma espécie de mundo à parte do mundo, em que ao menos ali será assegurado que todos os seres terão suas chances. Sairão de um lugar minimamente enriquecido de possibilidades para construírem seus projetos de vida futuro afora.

Não fosse um projeto social eu tenho dúvidas que você estivesse lendo a mim, neste exato momento. Foi ele quem pegou na minha mão e perguntou, lá atrás: seu sonho é mesmo escrever? Vejamos quais caminhos existem para chegarmos neste lugar. E fomos. Não fosse um projeto social, talvez não estivéssemos comemorando todas essas medalhas, como agora.

Opinião

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL.

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