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Trudruá Dorrico

OPINIÃO

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Owerá lança álbum Mbaraeté e Natura Musical revela bastidores

Owerá - Divulgação
Owerá Imagem: Divulgação

05/04/2023 06h00

O disco Mbaraeté (Natura Musical, 2022) nasceu entre a conexão da aldeia indígena, localizada no sul da cidade de São Paulo, e uma aldeia portuguesa, no interior de Leiria, em Portugal. Foram quase dois anos de um trabalho intenso entre Owerá e o produtor musical, Rod Krieger que só se encontraram pessoalmente quando chegou o momento de registro do álbum. A partir daí, o fotógrafo e videoartista Igor de Paula acompanhou a dupla e deu vida ao documentário que Owerá lança dia 05 de abril.

As gravações dos instrumentos nativos aconteceram na Aldeia Krukutu, onde se passa a maior parte do documentário. Lá, além de terem nascido os acordes da faixa que fecha o disco, Floresta Sagrada, algumas vozes também foram gravadas, trabalho que se seguiu até o estúdio da produtora Bico do Corvo, no Instituto Matéria Rima, em Diadema, São Paulo.

Registram participações no álbum OzGuarani, Pará Retê, companheira e parceira musical de Owerá, Tupã, seu filho, Olívio Jekupé, o pai, e Kelvin Mbarete e Bruno Veron (Brô Mc's); Célia Xakriabá, Djuena Tikuna e Txana Ibã. Ou seja, se trata de uma obra que traz para a composição musical a diversidade de povos existentes no Brasil, pois reúne os Guarani Mbyá, localizados no sul da cidade São Paulo, também os Huni Kuin e Tikuna, do Acre e Amazonas; Xakriabá, de Minas Gerais, e ainda os Guarani Kaiowá, que estão em uma das regiões mais violentas do país, Mato Grosso do Sul.

O disco

Resistência. Resistência da tradição, da língua nativa, da espiritualidade. Essas são as mensagens que Owerá transmite em Mbaraeté. Com nove faixas, o álbum que já lançou clipes para as músicas A Transformação e Owerá Chegou, é uma jornada com começo, meio e começo que se desenrola em uma narrativa cheia de revolta, dor, mas, também, com muito amor, acolhimento e paz. Com uma mensagem bastante direta, em letras que misturam o português e o guarani, língua mãe do artista, Owerá evoca a resistência, palavra, inclusive que é a tradução do título do disco. Ouça aqui.

Rap Nativo

Desde que deu início à carreira de músico/rapper, Owerá vem fazendo o que ele chama de Rap Nativo que é a manifestação do Rap em uma língua nativa, no caso a Guarani Mbya, em um ritmo que traz o beat embalado por sons da natureza e outros instrumentos tradicionais da cultura, como o violão, djembé e o maracá.

"O Rap Nativo é uma raíz do Rap Indígena. Nós falamos diretamente da nossa Terra, do nosso Território, com a nossa Língua, que resiste há mais de 500 anos para se manter viva. É uma luta diária que enfrentamos nas nossas terras. O Rap Nativo nasce daí, desse espaço de luta, mas, também, de celebração da nossa cultura, dos rituais e da nossa tradição", explica Owerá.

O projeto de Mbaraeté foi selecionado pelo programa Natura Musical, através do Edital 2020, ao lado de nomes como Linn da Quebrada, Bia Ferreira, Juçara Marçal e Rico Dalasam. Ao longo de 17 anos, Natura Musical já ofereceu recursos para mais de 150 projetos no âmbito nacional, como Lia de Itamaracá, Mariana Aydar, Jards Macalé e Elza Soares.

"Nós acreditamos no impacto transformador que a música pode ter no mundo. E os artistas, bandas e projetos de fomento à cena selecionados pelo edital Natura Musical têm essa potência de mobilizar o público na construção de um mundo mais bonito, cada vez mais plural, inclusivo e sustentável", afirma Fernanda Paiva, Head of Global Cultural Branding.

Assista ao documentário

Ouça o disco

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