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Iniciativa ensina crianças a nadar e velejar na represa Billings

Quando minha família decidiu que nós daríamos uma volta ao mundo a bordo de um veleiro, ninguém sabia velejar e eu nem existia ainda. Nasci embarcando nesse sonho coletivo e, desde muito cedo, comecei a ter aulas de vela ao lado dos meus pais e irmãos. Nosso professor, que passou os ensinamentos básicos, tinha 15 anos, e nosso primeiro veleiro, utilizado nessas aulas, era bem pequeno. Não tinha cabine, motor... só navegava a vela mesmo. Perfeito para aqueles momentos, quando o mar era o quintal da nossa futura ex-casa em Santa Catarina.

Crescer a bordo foi uma experiência incrível, única. Quando desembarquei, permaneci no mar como atleta profissional de windsurf. É um sentimento de pertencimento, que orgulhosamente potencializou ainda mais a minha conexão e meu respeito pela Mãe Natureza. E sempre fico entusiasmado quando vejo iniciativas que promovem a integração de crianças, jovens e adultos com o meio ambiente pela vela ou outras práticas esportivas. Neste universo, nossa Voz dos Oceanos vem encontrando e acompanhando projetos bem bacanas.

Quando a gente estava em Salvador, recebemos a visita do Franz Thomas, que estava na Bahia participando de um curso e finalmente conseguiu nos encontrar a bordo do veleiro Kat. O Franz é coordenador pedagógico de um desses projetos inspiradores, que se integram à nossa jornada.

Na zona sul de São Paulo, às margens da Billings, o Navegando nas Artes promove cursos gratuitos de vela para alunos, a partir de 7 anos, do jardim Gaivotas, do Parque Linear Cantinho do Céu e da Ilha do Bororé - territórios ao redor da represa. Além de ensinar a velejar, o projeto também dará aulas de natação para a próxima turma com 80 integrantes.

Em conversa recente, o Franz e a equipe nos explicaram que essa associação vela+natação é por compreenderem a vela como uma ferramenta de transformação social e a natação uma habilidade importante ao ser humano, principalmente a quem vive e frequenta a represa.

Sendo a Billings um dos mais importantes e maiores reservatórios de São Paulo, o Navegando nas Artes conecta as comunidades do entorno com a represa, valorizando o meio ambiente, a ocupação dos espaços público e água como bem natural finito. É educação ambiental a bordo das embarcações do projeto, que leva a linguagem artística do graffiti tão marcante na região para personalização das velas.

Pena que eu ainda não consegui ter a mesma oportunidade da minha mãe e da nossa tripulação, que estiveram no jardim Gaivotas, em São Paulo, com o Franz, a Luciana Evangelista, o Yuri Gabriel, o Lucas Araújo e o Wellington Neri. Nossa equipe velejou com eles nas águas icônicas da represa Billings. Para eles, a sensação foi de estar em uma outra São Paulo. Ainda mais fascinante.

Na represa, no mangue, no rio... no oceano. Tudo está conectado. E a garra e a persistência de iniciativas como o Navegando nas Artes impulsionam a grande onda de transformação. A onda que vai mudar o futuro do nosso planeta Água. Um futuro mais consciente, limpo, sustentável, saudável... O futuro que todos nós, apaixonados por esse planeta, queremos e merecemos.

Opinião

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL.

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