É preciso acabar com o tsunami de plástico
Em 7 anos de parceria, a nossa Voz dos Oceanos e o Pnuma (Programa da ONU para o Meio Ambiente) estão unidos em uma jornada de conscientização e mobilização social para enfrentar os desafios ambientais em busca de um futuro mais saudável e promissor para o nosso planeta Água.
Em 2017, iniciamos a parceria como Defensores da Campanha Mares Limpos. Um ano depois, colocamos nossa Conexão Schurmann como uma potente plataforma de comunicação da campanha. Temos muito orgulho desse trabalho.
Esses e outros momentos marcantes da nossa parceria envolveram minha mente (e coração) no início deste mês, quando fui a Brasília representar a Voz dos Oceanos na celebração de 20 anos do escritório do Pnuma no Brasil.
Pude conhecer de perto a exemplar atuação da Central das Cooperativas de Trabalho de Materiais Recicláveis do Distrito Federal, liderada por Aline Sousa, a catadora que colocou a faixa presidencial em Lula em 1º de janeiro de 2023.
Durante a visita, que teve a companhia da ministra Marina Silva, do secretário nacional de Meio Ambiente Urbano e Qualidade Ambiental, Adalberto Maluf, e de integrantes do Ministério de Meio Ambiente e Mudança do Clima, conferimos os bastidores do importantíssimo trabalho executado por catadores e trabalhadores das cooperativas de recicláveis.
De acordo com dados do governo federal, estima-se que cerca de 800 mil pessoas ganhem a vida como catadores de materiais reciclados. As mulheres são a maioria, respondendo por 70% da categoria, e a Aline é uma de suas mais potentes e inspiradoras vozes. Durante nossa visita à Centcoop-DF, que conta com cerca de 300 trabalhadores, ela chamou a atenção para o desafio do plástico, destacando plásticos sem reciclabilidade, como aquelas embalagens de salgadinhos, que respondem por 29% da gravimetria realizada dentro da Central. Aline também reforçou a centralidade da atividade industrial no Sul e Sudeste do país, "o que dificulta o trabalho dos catadores na região Centro-Oeste, Nordeste e, principalmente, Norte".
Mergulhar nos bastidores de uma cooperativa é a oportunidade de conferir presencialmente a importância do serviço ambiental das catadoras e dos catadores. Diante das imensas pilhas de resíduos, é inegável que esses profissionais prestam um serviço social às nossas cidades, estados, país. Um serviço que merece ser reconhecido e valorizado por todos nós.
No dia anterior, Inger Andersen, subsecretária-geral da ONU e diretora executiva do Pnuma, e Marina Silva assinaram um acordo para reforçar ações ambientais no Brasil, um "memorando de entendimento para reforçar a colaboração no combate à mudança do clima, perda de biodiversidade, resíduos e poluição". O documento inclui, entre outros pontos importantes, a elaboração da Estratégia Nacional de Economia Circular.
Esse "testemunho do compromisso compartilhado do Pnuma e do governo brasileiro de construir um futuro sustentável por meio de uma sólida gestão ambiental" vai ao encontro da nossa missão e a frentes importantes de atuação, como a campanha "Pare o Tsunami de Plástico", liderada pela Oceana junto a 80 organizações, entre elas, a nossa Voz dos Oceanos.
Nossa mobilização em prol do Projeto de Lei 2524/2022, que estabelece regras relativas à economia circular do plástico, também defende as cooperativas e associações de catadores de materiais reutilizáveis e recicláveis, buscando sua inclusão no Programa Federal de Pagamento por Serviços Ambientais. Seguimos acompanhando a crescente e favorável adesão da sociedade civil ao PL 2524, que ainda tramita na Comissão de Assuntos Econômicos do Senado, aguardando as próximas etapas até a desejada sanção presidencial. Por isso, continuamos firmes nessa campanha, buscando ampliar ainda mais o apoio popular.
E já que estive com a Aline, resgato seu depoimento publicado no site da campanha: "O PL 2524 é importante para a sociedade como um todo porque ele traz diretrizes, controle e atenção maior sobre a geração de plástico. NÃO É QUE ELE É CONTRA O PLÁSTICO. ELE É CONTRA A FORMA COMO O PLÁSTICO ESTÁ SENDO PRODUZIDO E NATURALIZADO pelas esferas, tanto pública quanto privada". Destaco esse ponto da fala de Aline porque interpretações "equivocadas" sobre o Projeto de Lei circulam por aí. Uma desinformação, um desserviço perigoso diante dos prejuízos causados pela invasão de resíduos, principalmente, plásticos de uso único que sufocam o oceano.
Vamos juntos parar o tsunami de plástico, ser a Voz dos Oceanos e celebrar as vitórias e conquistas de 20 anos do escritório do Pnuma no Brasil!
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