O que acontece com os resíduos após a coleta seletiva?
A coleta seletiva é uma das principais estratégias para preservar o meio ambiente. Ela envolve a separação do lixo em categorias específicas, como papel, plástico, metal, vidro e resíduos orgânicos. Esse processo simples pode ser realizado em diversos locais, como residências, empresas, shoppings, espaços públicos e estabelecimentos comerciais, contribuindo diretamente para a redução de resíduos e o reaproveitamento de materiais.
Mas você sabe o que acontece depois que os materiais são separados? Como eles são processados e transformados em novos produtos?
O que acontece com os materiais recicláveis após a coleta?
De acordo com o decreto nº 10.936/2022, o sistema de coleta seletiva no Brasil estabelece a separação de resíduos secos e orgânicos. Esse processo é essencial para a destinação adequada dos materiais e para a reciclagem.
Após a coleta seletiva, os materiais recicláveis são levados pela prefeitura ou por catadores para centros de triagem/cooperativas onde os resíduos são classificados por categorias, como plástico, papel, metal e vidro, além de serem separados por cor e nível de sujidade.
Por exemplo, o vidro é dividido em transparente, marrom e verde; o plástico é separado entre o de garrafas transparentes e de garrafas coloridas; o papel é classificado como branco, pardo e papelão.
"Para aumentar a eficiência da separação, seria interessante que as cidades implementassem mesas separadoras automáticas, o que possibilitaria elevar o índice de reciclagem dos municípios e do país. Os catadores ajudariam complementando", pondera Felipe Sombra dos Santos, professor adjunto da Escola de Química e professor permanente do programa de pós-graduação em Engenharia Ambiental da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro).
Feita a triagem, os materiais já classificados são destinados às indústrias recicladoras: de material polimérico, metais (siderurgia), papéis e vidros, que produzirão insumos para a criação de novos produtos.
Os materiais recicláveis passam por quais processos?
Para que alguns materiais sejam transformados em novos produtos, eles podem passar por processos físicos, químicos ou térmicos, embora nem sempre todos os métodos sejam necessários.
O processo físico envolve, por exemplo, a redução do tamanho dos materiais, como na trituração, corte ou compactação. Esses procedimentos facilitam a reciclagem ao aumentar a área de contato do material. Máquinas trituradoras, operando em temperatura ambiente, a frio ou a quente, são usadas conforme o tipo de resíduo. Sucatas metálicas, por exemplo, geralmente não são trituradas, mas compactadas.
Já o processo químico utiliza soluções específicas para promover a lixiviação, ou seja, a dissolução de certos componentes, separando o material desejado do resíduo. Esse material separado pode então ser utilizado como matéria-prima reciclada em novos processos de fabricação.
Todos os materiais recicláveis precisam ser higienizados e secos?
Alguns sim, outros não. Isso acontece mais com as embalagens plásticas para evitar contaminantes durante o processo de reciclagem do plástico.
"Os resíduos recicláveis pós consumo são extrusados e não é necessário fazer uma higienização completa. Nos treinamentos de coleta seletiva orientamos a fazer uma higienização leve, quando possível, para evitar vetores (insetos, roedores, etc) no gerador, no transporte e destinação final", explica Clarisse Clarisse Aramian, catadora, mestre em Engenharia de Biossistemas e diretora da Cooper Ecológica, cooperativa de catadores de materiais recicláveis.
De acordo com o professor Sombra, a limpeza do resíduo é muito comum em países com educação elevada, como o Japão. "No Brasil, é praticamente impossível obrigar o cidadão a fazer isso. Primeiramente precisamos educar mais a população a separar os materiais e dispor de forma correta para reciclagem. Faltam políticas públicas de saneamento voltadas para este tipo de ação", afirma o docente.
Os materiais recicláveis são transformados em matéria-prima?
Sim, eles podem ser utilizados como matéria-prima. Um exemplo são as embalagens tetrapak que podem ser transformadas em telhas ecológicas, divisórias, entre outros. O processo ocorre através de um grande liquidificador que tritura as embalagens junto com água. Feito isso, existem duas fases: a superior onde fica a parte plástica com alumínio, e a parte que fica no fundo com o líquido que contém a polpa de celulose.
A polpa de celulose é transformada em papel reciclado, embalagens, etc. A parte do plástico e alumínio tem várias possibilidades de aplicação, como a produção de telha através da prensagem a quente, ou a obtenção de alumínio pela queima do material.
No caso dos eletroeletrônicos, eles são triturados para promover uma melhor separação dos elementos, depois são fundidos ou lixiviados para obter os metais de interesse. Esses metais podem ser empregados na produção de outros equipamentos eletrônicos ao invés de utilizar o elemento químico explorado da natureza.
Sucata metálica é transformada em aço; pneus em combustível para cimenteira ou asfalto; papel branco em papel ou papelão para embalagens; plástico filme em saco de lixo.
Fonte: Felipe Sombra dos Santos, professor adjunto da Escola de Química e professor permanente do programa de pós-graduação em Engenharia Ambiental da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro; Clarisse Aramian, catadora, mestre em Engenharia de Biossistemas e diretora da Cooper Ecológica
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