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O que é eficiência energética?

Substituir as lâmpadas tradicionais por lâmpadas de LED é uma forma de apostar na eficiência energética - Getty Images/iStockphoto
Substituir as lâmpadas tradicionais por lâmpadas de LED é uma forma de apostar na eficiência energética Imagem: Getty Images/iStockphoto

Bárbara Therrie

Colaboração para Ecoa, de São Paulo

28/12/2024 05h30

Eficiência energética é o uso inteligente e racional da energia para realizar as mesmas atividades consumindo menos recursos, como por exemplo, consumo mais eficiente de combustíveis ou de eletricidade. Esse conceito é fundamental em um mundo que enfrenta desafios como crise climática, esgotamento de recursos naturais e aumento da demanda energética.

Mais do que economizar energia, a eficiência energética busca otimizar processos, reduzir desperdícios e adotar tecnologias mais avançadas.

A seguir, explicamos os benefícios econômicos e ambientais da eficiência energética.

Redução de custos

No caso da eletricidade, qualquer pessoa pode contribuir para o uso mais eficiente da energia, criando novos hábitos e buscando equipamentos que utilizem menos recursos para proporcionar a mesma quantidade de energia útil. Isso ajuda a reduzir custos e, consequentemente, diminui o valor das contas de energia elétrica.

Ao comprar um eletrodoméstico, vale escolher um com o selo Procel, que indica ao consumidor os produtos que apresentam os melhores níveis de eficiência energética dentro da sua categoria, como lavadoras, geladeiras, ventiladores de teto, entre outros.

Uma outra ação é substituir as lâmpadas tradicionais por lâmpadas de LED (com componentes eletrônicos) que consomem até 90% menos de energia que as incandescentes.

"As pessoas podem adotar novos hábitos visando uma menor necessidade de serviços de refrigeração e/iluminação em suas residências, como fechar portas e janelas ao usar o ar condicionado, manter a porta da geladeira fechada, fechar a torneira do chuveiro enquanto se ensaboa, priorizar a iluminação natural e apagar lâmpadas quando não são necessárias, e tirar carregadores da tomada quando não estão sendo utilizados", afirma Carla Achão, superintendente de Estudos Econômicos e Energéticos da EPE (Empresa de Pesquisa Energética).

Usar sensores de presença para iluminação de áreas pouco frequentadas e fazer a manutenção regular de sistemas de climatização também pode gerar economias significativas.

Menos impactos ambientais

Com o aumento da eficiência energética e o uso consciente de energia, em geral são necessários menos recursos naturais para a sua geração e, assim, há menos impactos negativos ao meio ambiente, com eventual redução de emissão de poluentes globais, com menor pegada de carbono.

De acordo com o vice-coordenador do Centro de Inovação para Transição Energética da Poli-USP, Erik Rego, atualmente a construção civil está passando por diversas transformações, impulsionada por certificações de sustentabilidade e etiquetas de eficiência energética, que buscam reduzir os custos operacionais e gerar menor impacto ambiental dos projetos.

"Em 2023, o Brasil ficou em quinto lugar entre os países do mundo com mais projetos com a certificação, de acordo com o ranking do US Green Building Council, criador do sistema do Leadership in Energy and Environmental Design (LEED na sigla em inglês). Este sistema internacional de certificação e orientação ambiental para edificações é utilizado em mais de 160 países e tem como objetivo incentivar a transformação dos projetos, obra e operação das edificações com foco na sustentabilidade, como reduzir o consumo de energia e usá-la de forma mais eficiente", diz Erik Rego.

Vantagens na indústria

O setor industrial é responsável por 32% do consumo energético e por 18,13% do total de emissões de gases de efeito estufa no Brasil, de acordo com dados da Empresa de Pesquisa Energética.

Na última década (2010-2020), o valor da tarifa média de eletricidade no país aumentou mais de 50%, representando um dos maiores obstáculos ao crescimento e competitividade da indústria, mostra pesquisa recente da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp).

A idade média das máquinas industriais no Brasil é de 14 anos, o que representa um custo anual energético de R$ 95 bilhões, considerando gastos com eletricidade e outros combustíveis, segundo a Confederação Nacional da Indústria.

Na indústria, práticas como a recuperação de calor em processos produtivos, manutenção preventiva de equipamentos, substituição de motores antigos por modelos mais novos e eficientes que consomem menos energia e a implementação de sistemas de automação são formas eficazes de melhorar a eficiência energética.

"Investir em eficiência energética é fundamental, pois promove a descarbonização dos processos industriais, pode reduzir os gastos com energia em aproximadamente 40% segundo especialistas e eleva a competitividade do país", afirma Erik Rego, da USP.

Outros benefícios e boas notícias

A eficiência energética promove um estímulo à maior produtividade. Até 2040, as indústrias de manufatura poderão produzir quase o dobro do valor agregado bruto de cada unidade de uso de energia.

Com a redução da demanda geral de energia, diminui a dependência de importações de petróleo, gás e carvão. Isso reforça a segurança energética regional ou nacional a curto e longo prazo.

Ajuda a diminuir os custos de operação das empresas, mostrando ao consumidor que a marca tem consciência ambiental.

Globalmente, a eficiência energética melhorou em cerca de 13% entre 2000 e 2017, aponta a Agência Internacional de Energia. Sem essa melhoria, o uso global de energia em 2017 teria sido 12% maior. Nas principais economias do mundo, essa redução foi obtida nos setores da indústria e de edifícios.

Uma pesquisa da Confederação Nacional da Indústria apontou que o número de brasileiros que se preocupam com hábitos sustentáveis sempre ou na maioria das vezes aumentou de 74% para 81% em 2023 em comparação a 2022. Em um ano, o percentual de brasileiros que tentaram evitar o desperdício de energia subiu de 86% para 89%.

Fonte: Erik Rego, vice-coordenador do Centro de Inovação para Transição Energética (ETIC) da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (POLI-USP); Carla Achão, superintendente de Estudos Econômicos e Energéticos da Empresa de Pesquisa Energética (EPE); Arnaldo dos Santos Junior, consultor técnico da EPE