As iniciativas que democratizam o cinema na prática
Na primeira etapa da prova do Enem (Exame Nacional do Ensino Médio), que aconteceu no último domingo (3), os estudantes tiveram que escrever uma redação sobre a "democratização do acesso ao cinema no Brasil". A proposta da prova gerou debates sobre o grau de relevância e importância do tema para o cenário nacional do país.
Especialistas, como a cineasta e presidente da Spcine, Laís Bodanzky, que escreveu sobre o assunto para Ecoa, têm se posicionado. Eles citam iniciativas que contribuem para o acesso de um maior número de pessoas ao audiovisual, seja levando mais gente às salas de exibição ou para trás das câmeras, na produção. Reunimos aqui exemplos de algumas delas que, além de estimular e promover o acesso ao cinema, fomentam a cultura e capacitam jovens. Confira abaixo:
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Cine Favela
É o primeiro cinema da comunidade de Heliópolis, em São Paulo. Criada em 2003, a iniciativa realiza exibições toda quarta-feira, às 18h, na Rua do Pacificador. Quem faz a programação é a própria comunidade. Reginaldo de Túlio, fundador do Cine Favela, tem um acervo com 900 filmes. Em uma pequena sala de cinema com 48 lugares, a população (principalmente crianças e adolescentes) tem a chance de assistir aos filmes e ainda comer pipoca e refrigerante. Além das exibições, o Cine Favela promove oficinas de roteiro, câmera, produção, direção e edição de filmes para a população a partir dos 12 anos. O próximo curso está com as inscrições abertas e tem duração de oito meses, com duas aulas semanais de 1h30, cada. Ao menos quatro turmas de 25 alunos serão abertas, de acordo com a procura. Ao final das oficinas, os estudantes criam o próprio curta-metragem.
Qual é o impacto? Nos últimos 16 anos, já passaram cerca de dez mil crianças pelo Cine Favela, em exibições semanais. As oficinas de produção audiovisual formaram, apenas no último ano, 11.600 pessoas.
Localidade: São Paulo
Quanto custa? Grátis
Para saber mais: cinefavela@gmail.com Leia mais -
Cinema Meninos de Araçuaí
Único cinema do Vale do Jequitinhonha, em Minas Gerais, o espaço foi construído em 2007 após a vontade de moradores de Araçuaí de ter um lugar para assistir e contar suas próprias histórias. A iniciativa é um dos projetos do CPCD (Centro Popular de Cultura e Desenvolvimento).
Qual é o impacto? Além de exibir filmes para moradores da região, o Cinema Meninos de Araçuaí deu origem à criação de uma "Fabriqueta de Produção Audiovisual", em que jovens e educadores do CPCD produzem os próprios filmes: documentários, curtas e vídeos institucionais
Localidade: Araçuaí(MG).
Quanto custa? Exibições gratuitas e a preços populares de até R$ 5.
Para saber mais: cinema@cpcd.org.br. Endereço: Praça Waldomiro Silva nº 54 - Centro - Araçuaí (MG). Leia mais -
Circuito Spcine
O Circuito Spcine é a rede de salas de cinema da Prefeitura de São Paulo. São 20 espaços presentes, sobretudo, em bairros não atendidos pelas salas privadas. O projeto apresenta semanalmente uma programação repleta de filmes nacionais e internacionais. O intuito é democratizar o acesso ao cinema e garantir mais telas para a produção nacional.
Qual é o impacto? O circuito é a maior rede de salas públicas de cinema do Brasil e uma das mais importantes da América Latina. Seu complexo exibidor é formado por 20 espaços, cinco em equipamentos culturais de São Paulo e 15 em Centros Educacionais Unificados (CEUs). Geograficamente, as salas estão presentes em 17 das 32 subprefeituras, com prioridade para as não atendidas pelo circuito comercial de cinema. A programação conta com aproximadamente 200 sessões semanais.
Localidade: São Paulo (SP).
Quanto custa? O público tem o cinema perto de casa e de graça. Nos centros culturais, o bilhete tem um preço popular, que vai até R$ 4.
Para saber mais: http://www.circuitospcine.com.br/fale-conosco/ Leia mais -
Instituto Querô
A ONG trabalha a inclusão e capacitação de jovens de baixa renda por meio de oficinas de audiovisual em Santos, litoral de São Paulo. Em 2016, alunos da Oficina Querô participaram ativamente da produção do filme "Sócrates", do diretor Alex Moratto. O longa ganhou o prêmio "Independent Spirit Awards" - conhecido como o Oscar do cinema independente.
Qual é o impacto? O Instituto conta com o projeto "Quero na Escola", em que jovens já formados pelas oficinas de audiovisual ensinam roteiro cinematográfico e movimentos de câmera para estudantes de escolas públicas da Baixada Santista. A iniciativa já beneficiou mais de 6 mil alunos de Santos e Cubatão. Desde a criação da ONG, em 2006, já foram produzidos 113 filmes no projeto Oficina Querô e 194 curtinhas no Querô na Escola.
Localidade: Santos (SP).
Quanto custa? Grátis.
Para saber mais: http://institutoquero.org/ Leia mais -
Videocamp
Uma plataforma que reúne filmes de impacto disponíveis para exibições públicas gratuitas - basta reunir cinco pessoas para poder assistir. Tratam-se de conteúdos sobre causas urgentes, que têm como objetivo promover um mundo mais justo, solidário, sustentável e plural.
Qual é o impacto? Já foram realizadas mais de 35 mil exibições em mais de 110 países, para mais de 1 milhão de espectadores.
Localidade: Nacional.
Quanto custa? Grátis.
Para saber mais: info@videocamp.com Leia mais
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