Segunda-feira, 11/11/2024 | | | | | Mariana Sgarioni |
| O setor aéreo mostra que, apesar das críticas, está se mobilizando para cumprir os compromissos de redução de emissões - porém, afirma que não há uma única bala de prata. Em entrevista exclusiva, Guillaume Gressin, vice-presidente de Operações Internacionais, Estratégicas e Comerciais da Airbus América Latina e Caribe, disse que a empresa investe cerca de 3 bilhões de euros por ano em pesquisas de novas tecnologias para uma aviação mais sustentável. E que o futuro aéreo contará com um mix de tecnologias atuando de maneira complementar: combustível sustentável, eletrificação da frota e hidrogênio verde. Nesta edição você também vai saber por que seu negócio deve ficar atento à bioeconomia, modelo que estará no centro das discussões a partir de hoje na COP 29, em Baku, capital do Azerbaijão, e na Cúpula do G20, que começa na semana que vem no Rio de Janeiro. E ainda vai conhecer uma empresa norte-americana que criou uma tecnologia exclusiva que captura carbono da atmosfera para produzir perfume. Boa leitura! |
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| Publicidade | | | | Guillaume Gressin, Vice-Presidente de Operações Internacionais, Estratégicas e Comerciais da Airbus - América Latina e Caribe | Divulgação |
| Airbus investe em hidrogênio verde e SAF para voos mais sustentáveis | | A corrida pela descarbonização no setor aéreo está cada vez mais acirrada. Até porque não dá para continuar como está: cerca de 2,5% das emissões de carbono globais vêm da aviação e este número não para de crescer. A Airbus - responsável pela fabricação do avião presidencial brasileiro - quer mostrar que está jogando todas suas cartas na mesa: anunciou que, em 2035, terá a primeira aeronave do mundo movida a hidrogênio verde. "Não existe uma única tecnologia simples e isolada capaz de descarbonizar o setor de um dia para o outro. As soluções, como combustíveis sustentáveis, eletrificação, hidrogênio verde, são complementares. Nenhuma delas vai operar sozinha, pois a demanda é muito grande", diz Guillaume Gressin, Vice-Presidente de Operações Internacionais, Estratégicas e Comerciais da Airbus América Latina e Caribe, em entrevista exclusiva a esta coluna, direto do escritório da empresa, em Miami. *** Ecoa: O mundo verá em breve uma aeronave movida a hidrogênio verde? Guillaume Gressin: Definimos uma meta para termos este primeiro avião movido a hidrogênio verde até 2035 - seja por combustão ou por transformação do hidrogênio em eletricidade. Mas é importante lembrar que não estamos trabalhando apenas nisso. Investimos cerca de 3 bilhões de euros todos os anos em pesquisa e desenvolvimento de novas tecnologias. O setor aéreo é difícil de reduzir as emissões porque ainda depende de combustíveis fósseis e isso significa que não temos uma solução simples. Ecoa: Os aviões da Airbus já utilizam SAF (Combustível Sustentável de Aviação)? Guillaume Gressin: Todas as aeronaves da Airbus já têm a capacidade de usar 50% de SAF. Até 2030, pretendemos certificar que este número chegue a 100%, inclusive helicópteros, que produzimos para o Brasil. Ecoa: Por falar no Brasil: como você vê a produção brasileira de SAF? Existe uma chance de liderarmos este mercado? Guillaume Gressin: O Brasil é um exemplo de potencial que está se transformando em realidade. E isso está ligado a vários fatores. Há políticas em vigor no país e isso é essencial porque sem elas você não atrai investimento. Estamos muito satisfeitos com estas políticas do governo brasileiro e temos colaborado com elas. Temos visto os projetos de desenvolvimento de SAF sendo multiplicados no Brasil. Ecoa: Como você vê o futuro da sustentabilidade na aviação? Guillaume Gressin: Com tecnologias atuando juntas. Não teremos somente aeronaves movidas a hidrogênio. Teremos diversos modelos com soluções diversas e todos estarão voando juntos, ao mesmo tempo. |
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| | G20 lança documento e coloca parâmetros internacionais para a bioeconomia | Unsplash |
| Bioeconomia na COP e G20: novas chances de negócios no radar | | Após meses de intensos debates, começa hoje, em Baku, capital do Azerbaijão, a COP 29, a mais importante conferência das Nações Unidas sobre mudanças climáticas. Na semana que vem, do outro lado do mundo, no Rio de Janeiro, abre oficialmente a Cúpula de Líderes do G20. Com a presidência do Brasil, haverá encontros entre autoridades da área econômica dos 19 países que formam o bloco, mais União Africana e Europeia, além de eventos com ministros de áreas sociais. Embora distintas - e distantes - as duas conferências trazem a transição para um modelo econômico mundial mais sustentável para o centro das decisões dos governos e sociedade civil. No G20, alguns documentos já foram entregues e a maioria das discussões partirão deles. Um deles, talvez o principal, são os 10 Princípios de Alto Nível sobre Bioeconomia. Entre as propostas estão a inclusão de povos indígenas no debate, compartilhamento de boas práticas entre os países, criação de metodologias "comparáveis, mensuráveis e contextualizadas para avaliar a sustentabilidade em todas as cadeias de valor", e a promoção da restauração e regeneração de áreas e ecossistemas degradados. Todos os países se comprometeram a colocar estes pontos em prática. É a primeira vez que se colocam parâmetros internacionais para este novo modelo de desenvolvimento pautado na transição ecológica. E o que isso tem a ver com os negócios? Tudo. O World Bioeconomy Forum estima que a bioeconomia mundial tenha atualmente um valor estimado de US$ 4 trilhões. Pode chegar, contudo, a cerca de US$ 30 trilhões, equivalente a um terço da economia global, com enorme potencial para o Brasil. Um estudo do Climate Policy Initiative/PUC-Rio mostrou que, entre 2021 e 2023, o financiamento para a bioeconomia no Brasil foi em, média, R$ 16,6 milhões por ano. Trata-se de um bom negócio para o Brasil por diversos motivos, tais como as características climáticas, geográficas, patrimônio genético, conhecimento ancestrais dos povos indígenas, além de o país guardar nada menos do que 20% da biodiversidade do planeta. "A bioeconomia brasileira é tão diversa quanto nosso povo e nossos ecossistemas, desde produtos das florestas, rios, lagos e oceanos para a geração de produtos que agregam conhecimento e tecnologia e, como bioplásticos e biocombustíveis, até o uso sustentável de produtos florestais, incluindo produtos madeireiros e não madeireiros, alimentos saudáveis, fibras, cosméticos, produtos farmacêuticos, entre outros", lembrou João Paulo Capobianco, biólogo e secretário-executivo do Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima, durante o encerramento da reunião da Iniciativa de Bioeconomia do G20. |
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| | Air Eau de Parfum, fragrância elaborada a partir de álcool com CO2 capturado e óleos essenciais | Air Company |
| Perfume sustentável usa dióxido de carbono retirado da atmosfera | | Para tirar o planeta desta enrascada climática que vivemos, não basta diminuir as emissões de gases de efeito estufa. As inovações tecnológicas também vão ter que dar um jeito de remover os gases que já foram emitidos e estão pairando no ar - tal qual o trabalho das nossas amigas árvores, que, aliás, fazem fotossíntese gratuitamente desde que o mundo é mundo. A empresa norte-americana Air Company inventou um jeito de fazer a mesma fotossíntese - só que em escala industrial. E com glamour: criou um perfume que usa nada menos do que CO2 retirado da atmosfera como componente. A tecnologia, que foi patenteada pela organização, faz o seguinte: usando energia solar, o carbono é puxado do ar e entra num processo de destilação, onde é transformado em etanol, base da fragrância, que também leva óleos essenciais de casca de laranja, folha de figo, coração de jasmim, violeta, azaléia, almíscar em pó e tabaco. O perfume vem em embalagem totalmente reciclável e sem rótulo, para evitar o acúmulo de lixo. Cada frasco de 50 ml utiliza 3,6 gramas de CO2 que seriam liberados na atmosfera. "Simplificando: estamos transformando o ar em perfume. Embora existam várias empresas que trabalham para armazenar o carbono capturado, nós o utilizamos para fabricar produtos disponíveis aos consumidores, utilizando um processo muito semelhante ao modo como as árvores transformam o dióxido de carbono em oxigênio e açúcar. Convertemos o excesso de dióxido de carbono em álcool que é utilizado em produtos como a nossa fragrância sustentável e outros produtos sustentáveis", explica texto da companhia. |
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| | A série documental "Pequena África", uma iniciativa do Mover (Movimento pela Equidade Racial), cofundado pelo Grupo L'Oréal no Brasil, estreia no dia 18 de novembro no Canal Futura e no Globoplay. A produção aprofunda-se na história e no legado construído na região do Cais do Valongo, no Rio de Janeiro. Desafiando as narrativas históricas convencionais, destaca-se a falta de compromisso na construção de uma imagem digna das pessoas negras no Brasil, expondo como essa lacuna alimenta o racismo estrutural presente na sociedade. O documentário busca provocar uma reflexão crítica sobre as complexas dinâmicas sociais e culturais que influenciam a vida dos jovens negros. |
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