Xô, agrotóxico? Como pássaros, aranhas e insetos podem melhorar as plantações
Pesquisadores afirmaram nesta quarta-feira (6) que os predadores naturais, como pássaros, besouros e insetos, podem ser uma substituição eficaz aos defensivos químicos, controlando as populações de pragas que devoram as plantações e aumentando a produtividade agrícola.
As pragas destroem, a cada ano, cerca de 10% da colheita, ou 21 milhões de toneladas. O uso generalizado de pesticidas químicos tem sido adotado para controlá-las.
A dúvida que paira é se os pássaros, aranhas, besouros, entre outros predadores invertebrados, poderiam fazer o trabalho tão bem quanto.
Um estudo publicado na revista Proceedings of the Royal Society B compilou os resultados de pesquisas realizadas no Brasil, Estados Unidos e República Tcheca.
Nas áreas de abundância de predadores naturais, a população de pragas diminuiu em mais de 70% enquanto os rendimentos das colheitas aumentavam 25%.
"Os predadores naturais são bons agentes de controle de pragas, e sua preservação é fundamental (...) em um futuro onde a mudança climática é iminente", disse o autor principal, Gabriel Boldorini, estudante de doutorado da UFRPE (Universidade Federal Rural de Pernambuco), à AFP.
Apesar de os cientistas não terem comparado diretamente a eficácia dos invertebrados em relação aos produtos, os danos provocados pela química aos ecossistemas e ao controle biológico estão bem documentados - desde a perda de biodiversidade até a poluição da água e do solo, até os riscos para a saúde humana, lembrou o pesquisador.
Os predadores naturais são mais eficazes no controle de pragas em regiões com maior variabilidade de chuvas, de acordo com as conclusões do estudo, algo que deve aumentar devido à mudança climática.
Os especialistas também ficaram surpresos ao descobrir que a eficácia da presença de apenas uma espécie de predador natural é a mesma que de várias, pontuou Boldorini.
"Em geral, quanto mais espécies houver, melhor os ecossistemas funcionam. Mas há exceções", informou ele, acrescentando que uma única espécie consegue exercer a função sozinha.
A mudança climática e os níveis crescentes de dióxido de carbono afetam tanto o rendimento das colheitas quanto a dinâmica das pragas, expandindo a distribuição das pragas e aumentando suas taxas de sobrevivência.
Outros estudos também mostraram que os invertebrados essenciais para a saúde do ecossistema estão sofrendo um declínio rápido em todo o mundo.
Boldorini indicou que a conservação dos invertebrados "garante o controle de pragas e o aumento da produtividade, sem prejudicar os ecossistemas".
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