Topo

Grande Barreira de Corais da Austrália sofre pior branqueamento da história

Tartaruga verde nada na Iiha do Lagarto, na Grande Barreira de Corais, perto de corais que sofreram branqueamento Imagem: David Gray/AFP

17/04/2024 17h01

A Grande Barreira de Corais da Austrália sofre o mais grave branqueamento jamais registrado, e 73% dos recifes estudados apresentam danos, informaram nesta quarta-feira (17) as autoridades responsáveis pela gestão do ecossistema.

Considerada o maior organismo vivo da Terra, a Grande Barreira de Corais tem 2.300 quilômetros de extensão e abriga uma enorme biodiversidade, incluindo mais de 600 tipos de coral e 1.625 espécies de peixes.

Mas avaliações aéreas efetuadas pelos cientistas mostram que cerca de 730 dos mais de 1.000 recifes que compõem a Grande Barreira perderam cor, segundo as autoridades do governo australiano.

"Os impactos acumulados experimentados ao longo do recife neste verão foram mais altos do que em verões anteriores", indicou a Autoridade do Parque Marinho em um comunicado, no qual alerta que o verão de 2023-2024 foi o segundo mais quente já registado na região.

Este é o quinto branqueamento em massa dos recifes da Grande Barreira nos últimos oito anos.

O branqueamento ocorre quando o coral, para sobreviver nas altas temperaturas, expele uma alga microscópica chamada zooxanthellae. Caso o calor persista, o coral perde cor e morre.

O cientista-chefe da Autoridade do Parque Marinho, Roger Beeden, afirmou que a mudança climática representa a maior ameaça aos recifes de corais no mundo.

A Grande Barreira de Corais é um ecossistema incrível e, embora tenha mostrado resiliência uma e outra vez, este verão foi particularmente difícil. Roger Beeden, cientista-chefe da Autoridade do Parque Marinho

Richard Leck, diretor da divisão de oceanos da organização ambientalista WWF Austrália, disse à AFP que o branqueamento afetou uma extensão "sem precedentes" do recife, em particular em áreas que anteriormente haviam escapado de outros períodos de branqueamento em massa.

"Este é o pior episódio que o recife do sul já sofreu", disse.

Corais branqueados e mortos ao redor da ilha do Lagarto, na Grande Barreira de Corais, na Austrália Imagem: David Gray/AFP

Dúvidas sobre a recuperação

Jornalistas da AFP visitaram este mês uma das áreas mais impactadas da Grande Barreira de Corais.

A ilha do Lagarto, um pequeno paraíso no extremo nordeste da Austrália, que geralmente é repleta de corais, parecia um cemitério.

A bióloga marinha Anne Hoggett, que viveu e trabalhou por 33 anos na ilha do Lagarto, conta que, quando chegou pela primeira vez ao local, o branqueamento dos corais ocorria mais ou menos a cada década.

Agora, ele acontece a cada ano, afirmou, e cerca de 80% dos corais acropora vulneráveis da ilha sofreram com o branqueamento neste verão.

"Ainda não sabemos se já sofreram danos demais para se recuperarem ou não", indicou Hoggett à AFP.

Leck, da WWF, afirmou que é necessário aguardar alguns meses para determinar qual será a "mortalidade dos corais".

A Austrália investiu cerca de 5 bilhões de dólares australianos (pouco mais de R$ 16 bilhões, na cotação atual) para melhorar a qualidade da água e reduzir os efeitos da mudança climática, e para melhorar a proteção das espécies.

O país é um dos maiores exportadores mundiais de gás e carvão, e apenas recentemente estabeleceu metas para alcançar a neutralidade de carbono.

A Unesco vai avaliar este ano se esses esforços são suficientes para que o recife preserve sua condição de Patrimônio Mundial.

Comunicar erro

Comunique à Redação erros de português, de informação ou técnicos encontrados nesta página:

Grande Barreira de Corais da Austrália sofre pior branqueamento da história - UOL

Obs: Link e título da página são enviados automaticamente ao UOL

Ao prosseguir você concorda com nossa Política de Privacidade


Últimas