COP29 tem cinco dias para alcançar acordo de financiamento do clima

Países ricos e em desenvolvimento retomaram nesta segunda-feira (18) as negociações em um momento crítico da conferência da ONU sobre o clima em Baku, a COP29, que podem ser destravadas no Rio de Janeiro durante a cúpula do G20, que reúne a maiores potências do mundo.

Os ministros do Meio Ambiente chegaram nesta segunda-feira à sede do evento na capital do Azerbaijão para tentar acelerar as negociações e evitar um fiasco no final da conferência, previsto para sexta-feira (22), após uma primeira semana com resultado quase nulo, segundo a opinião geral.

"A reunião chegou a um momento crítico: estamos na metade da COP29 e as verdadeiras dificuldades começam", alertou o presidente da COP29, o azeri Mukhtar Babayev.

Paralelamente, a cúpula do G20 (que inclui China e Brasil) acontece no Rio de Janeiro. Em sua chegada no domingo, o secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, fez um apelo para que os líderes do bloco alcancem "compromissos" para salvar a COP29.

"Massacre econômico"

"Sem uma redução rápida das emissões (de gases do efeito estufa), nenhuma economia do G20 ficará a salvo do massacre econômico vinculado ao clima", declarou o secretário-executivo do órgão da ONU para o clima, Simon Stiell, que frequentemente recorda que a casa de sua falecida avó na ilha de Carriacou (Granada) foi destruída no verão passado por um furacão.

A cúpula do G20 na segunda e terça-feira no Rio "deve enviar sinais mundiais claros", afirmou Stiell no sábado

O objetivo é esclarecer como financiar um trilhão de dólares (5,79 trilhões de reais) por ano em ajuda climática para os países em desenvolvimento. O dinheiro deve permitir a construção de centrais de energia solar, investimentos em irrigação e a proteção das cidades contra inundações, entre outras medidas.

A União Europeia é o maior contribuinte mundial, mas em períodos de austeridade expressa relutância em aumentar seus orçamentos internacionais.

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Em mais um sinal de que uma solução está sendo examinada no Rio, o chefe da delegação brasileira na COP29, André Aranha Corrêa do Lago, deixou Baku para participar do G20.

O valor de um trilhão de dólares por ano em ajuda aos países em desenvolvimento até 2030 é uma estimativa das necessidades calculada pelos renomados economistas Nicholas Stern e Amar Bhattacharya a pedido da ONU.

Mas o problema reside na ideia que o valor não deve ser totalmente desembolsado pelos países ricos.

Segundo os textos da ONU, apenas os países desenvolvidos são obrigados a contribuir. E a UE quer um sinal dos países emergentes, como a China, de que também contribuirão voluntariamente.

Pequim não é considerado hostil ao projeto. Uma reunião entre autoridades chinesas e europeias em Baku foi um raio de esperança durante uma semana sombria.

A eleição do republicano Donald Trump para a presidência dos Estados Unidos e a retirada da delegação argentina da conferência provocam temores de que Washington e Buenos Aires abandonem o Acordo de Paris, a base diplomático para a redução de emissões de gases do efeito estufa.

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Cenário sombrio

A inexperiência do Azerbaijão para presidir as negociações, marcada por um erro na agenda no dia da abertura da COP29, e os ataques em plena cúpula do presidente azeri Ilham Aliyev contra a França contribuíram para deixar o cenário da reunião sombrio.

A situação é ainda pior em um país que reprime qualquer sinal de dissidência, incluindo os ativistas do meio ambiente, muitos deles detidos no Azerbaijão.

O financiamento não é o único ponto de discórdia. O apelo para o abandono gradual das energias fósseis alcançado no ano passado na COP28 retornou à mesa.

Países liderados pelo grupo árabe, que inclui Índia e China, se recusam a discutir novos compromissos de redução das emissões antes de um avanço nas negociações financeiras.

"É uma espécie de contra-ataque à COP28", disse um participante das negociações.

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"Decepciona muito entrar na segunda semana com uma página em branco", lamentou no sábado uma representante europeia, Veronika Skolasztika Bagi.

Também são aguardados resultados do outro lado do mundo, como nas Filipinas, onde o tufão Man-yi, a sexta grande tempestade a afetar o país em um mês, provocou muitos danos.

"Esperamos que acelerem de maneira radical para manter os compromissos do Acordo de Paris de 2015 e que isto se traduza em ações concretas para as pessoas", disse à AFP Rei Josiah Echano, coordenador da resposta às catástrofes na província de Samar do Norte.

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