Derretimento recorde do gelo marinho na Antártida multiplica tempestades
Um estudo publicado nesta quarta-feira (18) na revista Nature destaca o impacto do derretimento histórico da banquisa antártica, a camada de gelo flutuante que se forma no oceano ao redor da Antártida, no aumento da frequência de tempestades no hemisfério sul.
A pesquisa, liderada por Simon Josey, do Centro Nacional de Oceanografia de Southampton, revela que, em 2023, a redução excepcional do gelo marinho provocou um aumento na transferência de calor do oceano para a atmosfera.
Este fenômeno ocorre quando a banquisa não consegue se regenerar completamente durante o inverno, deixando grandes áreas do oceano expostas.
Os pesquisadores analisaram imagens de satélite da banquisa, dados sobre fluxos térmicos e registros climáticos.
As conclusões mostram um aumento notável na frequência de tempestades nas áreas afetadas pelo retrocesso do gelo.
Em 2023, algumas regiões experimentaram até sete dias adicionais de ventos que ultrapassaram os 35 km/h, em comparação com os invernos de 1990 a 2015.
Em três áreas oceânicas do hemisfério sul especialmente impactadas, a redução da banquisa alcançou 80% em comparação com a média anterior a 2016.
Esse derretimento em massa duplicou a transferência de calor entre o oceano e a atmosfera, alimentando condições meteorológicas mais instáveis.
Os autores do estudo alertam que, se esses episódios de redução da banquisa se repetirem, podem provocar mudanças climáticas profundas em escala global, afetando não apenas os trópicos, mas também o hemisfério norte.
Os cientistas afirmam que são necessárias mais pesquisas para precisar essa relação causal.