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14 horas de sexo, morte e canibalismo: esse marsupial é viciado em copular

Antechinus Imagem: Getty Images

03/02/2024 04h05

Durante a época de acasalamento, macho do marsupial rato-marsupial-australiano (Antechinus) sacrifica horas de sono para copular com o maior número possível de fêmeas.

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Quando termina, está exausto. Alguns morrem, e sua carne serve de alimento para os filhotes e a fêmea. Dormir é fundamental para os animais. A falta de descanso pode provocar problemas sérios de saúde, confusão mental e até a morte —não é à toa que a privação de sono é usada como método de tortura.

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Antechinus Imagem: Getty Images/iStockphoto

Mas parece que um animal da Oceania sacrifica o sono em troca de sexo.

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É o que os cientistas descobriram ao observar os machos do gênero Antechinus, marsupial das florestas costeiras da Austrália, que durante o período de acasalamento "ficam viciados em sexo" e deixam o sono de lado para se dedicarem ao ato.

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O artigo, publicado recentemente na revista científica Current Biology, reporta a surpreendente descoberta biológica, que provavelmente tem relação com a seleção natural e é a primeira a documentar esse tipo de restrição de sono em um mamífero terrestre.

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Usando uma combinação de técnicas, mostramos que os machos perdem horas de sono durante o acasalamento, e que em uma das etapas reduz até pela metade. Erika Zaid, da Universidade La Trobe, em Melbourne, na Austrália

"Nos seres humanos e em outros animais, restringir a quantidade normal de sono leva a um desempenho inferior quando se está acordado e o efeito piora noite após noite, mas os Antechinus fazem exatamente isso: dormem três horas a menos por noite, todas as noites, durante três semanas", ressalta a pesquisadora.

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No estudo pioneiro, os pesquisadores usaram acelerometria para rastrear os movimentos de cerca de 450 marsupiais do gênero, além de medições eletrofisiológicas e metabólicas para quantificar o quanto os animais dormiam.

Antechinus Imagem: Getty Images

Os autores sugerem que esses animais podem obter algum tipo de vantagem por dormirem menos durante o período de acasalamento ou que aceitam a inconveniência de ficarem acordados para aumentar as chances de reprodução. Segundo especialistas, reduzir o sono pode ser uma forma de adaptação quando a necessidade de reprodução "é extrema".

Na verdade, é surpreendente que eles não sacrificam ainda mais sono durante a estação de reprodução, já que, de qualquer forma, vão morrer em breve. Erika Zaid, da Universidade La Trobe, em Melbourne, na Austrália

Os Antechinus também são raros em outros aspectos. Os machos só se reproduzem uma vez durante toda a breve vida de menos de um ano. Já as fêmeas podem viver dois anos e têm mais oportunidades de reprodução.

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A equipe de pesquisa também descobriu que, na época de acasalamento, os machos competem pelo maior número de fêmeas para maximizar seu sucesso reprodutivo, motivo pelo qual chegam a fazer 14 horas de sexo com diferentes pares.

Os machos têm apenas uma chance durante um único período de acasalamento de três semanas. John Lesku. líder do estudo e pesquisador da Universidade La Trobe

No entanto, todo esse esforço tem consequências: após o período de acasalamento, os machos monitorados desenvolveram lesões na pele, perda de pêlo e diminuição do desempenho quando acordados.

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Alguns morrem logo após a única, curta e intensa temporada de acasalamento. Mas sua morte também tem outra função: os filhotes e as fêmeas usam os restos mortais do macho como fonte de alimento.

Antechinus Imagem: Getty Images/iStockphoto

O estudo não esclarece o que faz com que alguns machos morram após a temporada de reprodução, embora os pesquisadores não acreditem que isso se deva apenas à perda de sono. A cada dez machos, apenas dois morreram depois logo depois do acasalamento, e eles não eram os que dormiram menos.

Antechinus Imagem: Getty Images/iStockphoto

Os cientistas também querem saber mais, também, sobre como os Antechinus lidam com a perda de sono, que chega a um nível que faria com que os humanos agissem como se estivessem intoxicados ou drogados.

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Em estudos futuros, a equipe espera descobrir se esses animais são mais resistentes ao sono do que os humanos ou se eles "simplesmente continuam" instintivamente.

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