Alerta vermelho e racionamento de água: Índia enfrenta calor recorde de 52,3°C

Um recorde de temperatura de 52,3°C foi registrado nesta quarta-feira (29) no subúrbio de Mungeshpur, em Nova Delhi, capital da Índia, pelo departamento meteorológico do país, superando em mais de um grau centígrado o pico nacional anterior registrado no deserto do Rajastão.

Os serviços meteorológicos indianos já haviam informado sobre um recorde anterior na terça-feira (28), em Nova Delhi, de 49,9°C.

As autoridades da cidade de cerca de 30 milhões de habitantes emitiram um alerta vermelho de saúde para esta quarta-feira, quando foram atingidas temperaturas semelhantes às do dia anterior.

Também alertaram para uma "probabilidade muito elevada de desenvolver doenças relacionadas com o calor e insolação em todas as idades" e pediram que as pessoas vulneráveis fiquem sob "extrema vigilância".

A onda de calor no centro e noroeste da Índia "deve diminuir gradualmente" a partir de amanhã, quinta-feira (30), de acordo com o India Weather.

As temperaturas escaldantes são comuns na Índia durante o verão, mas os pesquisadores dizem que as mudanças climáticas estão levando a ondas de calor mais longas, mais frequentes e mais intensas. Em maio de 2022, foram registrados 49,2°C em alguns bairros da capital.

"Todo mundo quer ficar em casa", disse Roop Ram, morador de Nova Delhi de 57 anos. O vendedor de salgadinhos disse que, por causa da situação, tem dificuldades para vender seus produtos. Ram, que mora com a mulher e os dois filhos em uma casa apertada, lamenta que seu pequeno ventilador não refresque muito o ambiente e prefere contar com a chegada do período de chuvas, em julho.

"Não sei o que mais podemos fazer", diz Rani, 60 anos, que viaja duas horas de ônibus todas as manhãs para vender bijuterias aos turistas em uma barraca muito simples. "Está definitivamente mais quente, mas não há nada que possamos fazer a respeito", disse ela, bebendo água de uma garrafa trazida de casa.

Falta água

As autoridades de Nova Delhi alertaram para o risco de escassez de água. Cortes do fornecimento já ocorreram em alguns lugares.

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A ministra da Água, Atishi Marlena, fez um apelo à "responsabilidade coletiva" dos residentes para evitar desperdícios, noticiou quarta-feira o jornal Times of India.

"Para resolver o problema da escassez de água, tomamos uma série de medidas, como a redução do abastecimento de duas vezes para uma vez por dia em muitas áreas", disse Atishi, segundo o Indian Express. "A água economizada será redistribuída para zonas (que sofrem com a escassez) e onde o abastecimento dura apenas 15 a 20 minutos por dia", acrescentou.

O caudal do rio Yamuna, um afluente extremamente poluído do Ganges que atravessa Nova Delhi, fica bastante reduzido durante os meses mais quentes do ano.

A capital indiana depende quase inteiramente dos estados agrícolas vizinhos de Haryana e Uttar Pradesh, cujas necessidades de água são enormes.

O Serviço Meteorológico Indiano também alertou sobre as consequências do calor para a saúde, especialmente para crianças, idosos e pessoas com doenças crônicas.

Região sofre com calor

Na última terça-feira (28), as temperaturas mais altas foram registradas no estado do Rajastão. Os ventos fortes que fizeram os termômetros chegarem a 50,5°C.

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A região desértica ao redor da cidade de Phalodi, no mesmo estado, no noroeste do país, registrou um recorde histórico de 51°C em 2016.

O vizinho Paquistão também sofreu fortes ondas de calor, com um pico de temperatura estimado em 53°C no domingo em Sindh, uma província que faz fronteira com a Índia.

A agência meteorológica do Paquistão disse que espera que as temperaturas caiam a partir desta quarta-feira, mas alertou para mais ondas de calor em junho.

Entretanto, os estados de Bengala Ocidental e Mizoram, no nordeste do país, foram atingidos por fortes ventos e chuvas torrenciais que acompanharam o poderoso ciclone Remal, que devastou a Índia e Bangladesh no domingo (26), causando mais de 65 mortes.

O departamento meteorológico de Bangladesh disse que o ciclone foi um dos mais longos que o país já enfrentou e culpou as mudanças climáticas pela duração excepcional.

Com AFP*

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