"Acumulei muito patrimônio em minha vida, mas agora não preciso mais. Cheguei a um momento que não faz sentido ter mais dinheiro. Foi por isso que decidi doar a empresa e transformá-la em uma ONG de impacto social. Acredito que quem tem mais saúde precisa ajudar quem tem menos, assim como quem tem mais dinheiro tem de ajudar quem tem menos", diz João Paulo Pacífico, 43, a Ecoa.
Estamos em uma sexta-feira à tarde e o homem de cabelo comprido veste camiseta preta com a frase: 'Quem tem apenas aspirações individuais jamais vai entender a luta dos outros'. A vestimenta foge ao padrão dos executivos que são seus pares no mercado financeiro, onde Pacífico conquistou sucesso e fortuna, remando contra uma corrente em que o lucro fica sempre na mão das mesmas pessoas.
Longe de fazer voto de pobreza e sem floreios, João Paulo Pacífico assume ter uma vida confortável, mas sem aspirações de adquirir veículos esportivos, hangares ou helicópteros. Pelo contrário, seu carro é alugado e ele diz ir ao escritório montado em seu patinete.
"Quero ter dinheiro e trabalhar, mas não quero mais ser dono. Serei o diretor da ONG, receberei salário, mas todo lucro passará a ser investido em impacto social e ambiental. Também sou contra a ideia de minhas filhas nascerem donas - terão toda condição possível, mas não herdarão a empresa", afirma o empresário.