Qual é o papel da diversidade neste processo? Grupos diversos são mais propensos a encontrar soluções para situações complexas?
Pode-se dizer que o que precisamos é a diversidade requerida pela situação. Se estou tentando descobrir como consertar meu laptop, preciso de um técnico em informática. Mas, se estou trabalhando na situação de saúde dos povos indígenas em Manitoba, a diversidade requerida nesse caso são idosos, trabalhadores de saúde, médicos, acadêmicos, líderes comunitários, líderes políticos de nações indígenas de Manitoba, autoridades locais e federais, porque esta é uma situação que só pode ser compreendida e enfrentada por essa diversidade de atores.
Então, por um lado, a diversidade é necessária para avançar em toda e qualquer questão complexa e, ao mesmo tempo, é desafiadora. Sempre que houver um grupo diverso, em que há divergências, haverá discordância e conflito. É inevitável. Não é uma circunstância especial, ocasional. Acontece 100% das vezes e em todos os grupos, nos casamentos, nas redações. A capacidade de trabalhar com a diversidade ou com o conflito é absolutamente central para este trabalho.
Como podemos levar essas idéias para o nosso dia a dia? Você poderia compartilhar dicas que possam ser aplicadas por pessoas comuns?
Eu tenho uma, que é uma boa dica. É a coisa mais simples e básica: a forma como falamos e ouvimos. Muito frequentemente, abordamos uma situação — seja com nosso cônjuge, com um colega ou alguém da comunidade — querendo dizer "a verdade" sobre como as coisas são. Mas esse modo de falar, em que começo todas as frases com "a verdade é", não é muito produtivo. O tipo de escuta associada a ele é não escutar. Estou apenas esperando sua boca parar de se mover para que eu possa voltar a dizer "a verdade sobre como as coisas são".
Esse modo é muito comum e resulta em polarização, divisão ou demonização. E há uma maneira muito simples de sair disso, que chamamos de suspensão. Eu pego minhas ideias e suspendo-as como se estivessem em um cordão. Em vez de dizer "a verdade é", digo "na minha opinião", e isso cria uma distância entre a ideia e eu. Eu posso olhar para ela e você também. Você pode questioná-la, atacá-la e não estará me atacando. Talvez no final da conversa eu ainda tenha a mesma ideia, mas talvez tenha mudado.