"Eu tinha muita convivência com a minha avó. Ela plantava arroz, fava, feijão, café, tinha horta. Eu vivia essa vida, graças a Deus, de ter contato diretamente com os alimentos.
Com 15 anos eu saí de casa e tive que aprender a cozinhar. Quando eu fiz o meu primeiro feijão, que ficou delicioso, meu primeiro arroz, minha primeira farofa, eu me acabei, fiquei doida pelo mundo da cozinha. Eu me pergunto quem me ensinou a cozinhar e eu acho que foi a necessidade mesmo, acho que é um dom.
Vindo para o Rio de Janeiro, sempre via como desperdiçavam alimentos por aqui, isso me agoniava. Lá na Paraíba a gente aproveitava tudo. O que a gente não comia alguém passava e levava, a gente dava de comer aos animais na roça. Algumas sementes a gente jogava no quintal mesmo.
Quando eu pedi a Deus para ser uma cozinheira bem famosa, queria fazer uma cozinha afetiva, de resgate popular, com tudo aquilo que eu vivia com a minha avó. As pessoas não sabem a origem dos ingredientes, a história, quanto tempo ele levou até chegar à mesa.
A cozinha elitizada separa as pessoas, mas não, tem que ser amor, para unir. A terra é prova disso, quando você planta uma sementinha se forma uma rede ao redor dela para protegê-la. A mãe terra é genial."