"Dize-me o que comes e te direi quem és". A frase, que está no livro "A fisiologia do gosto", do cozinheiro e advogado francês Brillat-Savarin, nos convida a pensar na comida como identidade. Nós, brasileiros, podemos nos debruçar diante de centenas de frutas, legumes, cereais e verduras para tentar descobrir, de fato, o que é que nos define.
"É desafiador conceituar a cozinha brasileira. Cada um de nós seria capaz de citar um prato, um preparo, uma bebida que represente essa cozinha", explica Fabiana Paixão Viana, antropóloga e professora da Universidade Estadual de Feira de Santana (UEFS).
Esse desafio se dá porque o Brasil é um país de tamanho continental e que teve um processo de colonização diferente em cada região. Antes mesmo de ser ocupado pelos portugueses, uma infinidade de grupos indígenas vivia aqui e tinha seus próprios hábitos alimentares. Além deles, os africanos (também de diversas etnias) contribuíram, e muito, para o que chamamos de nossa comida.
Essa mistura culinária foi um diálogo entre os três grupos, como gosta de pontuar o antropólogo e professor da Universidade Federal da BahiaVilson Caetano. Um diálogo não deixa de fora a ideia de conflito, mas dá igual importância a todas as contribuições.
E é desse choque de temperos, modos de preparo e utensílios que nasce aquele que é considerado um dos nossos pratos tradicionais, o arroz com feijão. Ou feijão com arroz. Como já foi dito, as variedades são muitas. E com farinha ao lado, é claro.