Eu sempre quis ser anjo, mas nunca deixaram. Não existe anjo negro nos livros
Ana Célia da Silva, pedagoga
As frustrações cultivadas na infância serviram de fagulha para que a educadora Ana Célia da Silva, de 81 anos, se tornasse uma das principais estudiosas do racismo em publicações didáticas usadas nas escolas brasileiras.
A observação do sistema educacional, especialmente na primeira infância, e o diálogo com professores de escolas públicas da Bahia a ajudaram a identificar os estereótipos atribuídos a pessoas negras e que atingem crianças pretas e pardas ainda nos bancos escolares e são alimentados para além da sala de aula.
A trajetória na academia, sempre na UFBA (Universidade Federal na Bahia), onde foi da graduação ao doutorado em pedagogia, se mistura com os passos que deu como militante nas ruas.
Na década de 1970, ajudou a fundar o MNU (Movimento Negro Unificado) na Bahia e acompanhou a ascensão do bloco Ilê Aiyê, entidades que contribuíram na luta contra o racismo no estado, sobretudo em Salvador.