Bel Santos Mayer é educadora social e coordenadora do Instituto Brasileiro de Estudos e Apoio Comunitário (IBEAC), que investe em informação, formação e transformação social. A organização concentra as suas ações em Parelheiros, extremo sul de São Paulo, região considerada pelas estatísticas um dos piores lugares para se viver.

Com o objetivo de mudar esse cenário, Bel usou da literatura e da escuta para atender um dos desejos dos jovens que viviam ali: a criação de uma biblioteca. Foi a partir daí que nasceu a Biblioteca Caminhos da Leitura, dentro de um cemitério, ocupando o único lugar que estava livre: a casa do coveiro.

"Quando ficamos sabendo que a casa do coveiro estava livre, uma jovem chegou a dizer: 'Não vou para lá nem morta. E então eu respondi: 'Morta a gente vai. A gente precisa ir vivo pra lá'".

Hoje, no cemitério, brotam histórias de vida e projetos de fortalecimento. "Dentro da biblioteca você vai ver de um lado Conceição Evaristo, Ana Maria Gonçalves, Cidinha da Silva, Kiusam Oliveira. E do outro estão as pretas em retrato: a trançadeira, a coordenadora pedagógica da escola", explica Bel.

Nós estamos dizendo: temos que contar as histórias dos nossos para que eles não fiquem invisíveis. A gente precisa contar as histórias dos vivos, a gente não precisa morrer para ser história. A gente quer ser história hoje."
Bel Santos Mayer, educadora social