Casados há mais de 30 anos, Antônio Pitanga, 82, e Benedita da Silva, 79, remontaram cada um à sua maneira as trajetórias de parentes que viveram a escravidão. Ele, neto de escravizados, juntou as peças de seu quebra-cabeças ancestral por conta própria. Ela, bisneta de cativos, cresceu ouvindo as histórias dentro de casa. Nunca souberam, porém, de que lugar do mundo essas pessoas saíram.
Agora, eles descobriram que possuem mais em comum do que a vida partilhada. Após toparem realizar testes de DNA, descobriram que seus antepassados têm países da África como origem, sendo Angola o mais presente deles.
Antes disso, os dois já tinham uma vida de pioneirismo. De um lado, ele é um dos primeiros negros a fazer história nas telonas brasileiras, ícone do movimento Cinema Novo. Do outro, ela foi a primeira mulher negra a ser eleita senadora do Brasil. Juntos, contam mais de 80 filmes, cinco mandatos, uma família numerosa, além de respeito e admiração um pelo outro. Fora os muitos planos em suas áreas, querem reunir todos para um papo sobre o que descobriram com a experiência.
A nossa relação é bonita, porque cada um tem a sua história, que no fim é a mesma, como se fossem fragmentos encaixados. Ela é política e eu, artista. Nossa estrada foi construída com lágrima, choro, sorriso, alegria e com ajuntamento. Para mim, é um dos mais belos encontros: duas histórias que se unem em uma só
Antônio Pitanga