Ao longo de uma conversa, a cantora Bia Ferreira consegue lembrar de muitos nomes importantes. Todos de pessoas pretas. A maioria delas mulheres, de artistas a poetas, escritoras, filósofas e políticas. Estão na ponta da língua referências como Leci Brandão, Ellen Oléria, Erica Malunguinho e Sueli Carneiro. Faz referência e reverência àquelas que vieram antes, e celebra aquelas que vieram depois.
Foram essas pessoas que construíram quem Bia é como artista, ou melhor, artista politizada, que, para ela, significa ser alguém que entende a necessidade de informar a sociedade sobre temas importantes por meio da música. Sua arte fala de questões sociais, raciais e de gênero, que compartilhará ao vivo por aqui no dia 2, quando assume o palco do 1º Prêmio Ecoa.
Bia estourou com a faixa "Cota Não é Esmola", em que narra sobre a importância do sistema de cotas para o acesso da população negra à universidade. Além das 12 milhões de visualizações no YouTube e quase 2 milhões de plays no Spotify, a música virou leitura obrigatória para o vestibular da UnB (Universidade de Brasília) e chegou a ser citada em outras provas como a da UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais) e a da UFPR (Universidade Federal do Paraná).
A multi-instrumentista está em estúdio, preparando novo trabalho, sequência para o disco de estreia "Igreja Lesbiteriana, Um Chamado", de 2019. Mas se antes ela usava o termo "artivista" para se descrever como aquela que faz da arte um espaço para exercer seu ativismo político, hoje, aos 28 anos, a mineira criada em Aracaju (SE), prefere ser vista como a "sapatona preta viva que ama".