O ator Bruno Gagliasso fez um pedido ao ler notícias sobre as queimadas na Amazônia no ano passado: sobrevoar a região para testemunhar o que estava acontecendo. Ele queria ser a ponte entre o público e a realidade na região, muitas vezes alvo de "fake news". O que viu, no entanto, o transformou intensamente. As cenas do alto provocaram um choque nos sentidos.
"Sentir o cheiro da queimada, ouvir o barulho ensurdecedor da natureza queimando, e ver [aquilo], foi muito forte ", lembra.
Ao retornar para casa, tomou um decisão: não comeria mais carne. O passo seguinte foi comunicar os sócios de sua rede de hamburguerias, franquias da nova-iorquina Burger Joint, sobre a decisão. "Como é que eu paro de comer carne e vendo carne? Saí do negócio, não fazia sentido. O que eu vou falar para meus filhos?", questionou-se.
A experiência na Amazônia foi mais uma para sedimentar em Gagliasso a certeza de que sua missão é deixar o mundo um lugar melhor do que encontrou. O despertar para a importância da natureza surgiu ainda na infância, instigado por passeios ao lado do pai, Paulo César Marques. E é o brilho nos olhos do Bruno criança que ele quer transmitir hoje para os filhos: Chissomo, 7, Bless, 6, e Zyan, de 5 meses.
Num terreno em Membeca, Paraíba do Sul (RJ), batizado de Rancho da Montanha, começou a plantar milhares de árvores, uma para cada dia de vida até seu aniversário de 40 anos, em 13 de abril de 2022.
"Um dos motivos pelos quais estou tão envolvido nessa luta e nesse desafio que é mais do que plantar, é despertar esse sentimento nos meus filhos, nos amigos deles, em quem vai ler a nossa entrevista", diz.
Para isso, o ator e empreendedor tem colocado a mão da terra, auxiliado por especialistas em plantio, que estudaram a região do Rancho e desenharam um plano para o projeto. Até a entrevista com Ecoa, ele já tinha plantado 2.500 mudas e se preparava para o plantio de mais 1.500 no fim de semana. Alguns dias após a conversa, mandou mensagem para contar que tinha atualizado a meta: serão 100 mil árvores em cinco anos.
Compartilhando o lema do movimento #PlantarEcoa e da campanha Pare de Falar. Comece a Plantar, parceria de Ecoa com a ONG Plant-for-the-Planet, Bruno parte da ideia de que a ação é a melhor ferramenta para a transformação. "Quando você faz com propósito de fato de mudar algo, você atinge essa pessoa, porque a verdade está alí, tá no teu olho, tá nas suas atitudes. Você não precisa falar, basta ser, fazer", diz. "Se uma pessoa que ler a matéria plantar uma árvore, já é um grande passo."
Sua meta é servir de exemplo: "O que eu mais quero é que as pessoas se sintam motivadas a fazer o mesmo ou um pouquinho que seja", afirma.