Caco Barcellos está isolado no apartamento onde mora sozinho, em São Paulo. Na última terça (23), assistiu de casa a mais uma estreia de "Profissão Repórter". O programa global apresenta os bastidores da reportagem desde 2008, quando Caco já tinha muita bagagem a oferecer. Só na emissora dos Marinho está desde 1982.
O jornalista começou a trabalhar na década de 1970, fez coberturas históricas como a queda do Muro de Berlim e é autor de livros premiados como "Rota 66" e "Abusado". As obras tratam de violência policial e tráfico, com histórias coletadas no ambiente favorito de Caco: a rua. Antes do jornalismo, ele morou na periferia de Porto Alegre e foi taxista para pagar a universidade de engenharia e ajudar o pai frentista. Gostava de conhecer novos lugares e pessoas da cidade. "A cada viagem era uma história", diz.
Aos 71 anos, esta é a primeira vez em décadas que Caco se afasta das ruas. O noticiário, porém, não para de chegar até o trabalho em home office. E as notícias nem sempre soam bem. "Parte das pessoas decidiu por um governo defensor do ódio", diz. Ele afirma que já foi agredido durante o trabalho na árdua batalha contra as notícias falsas. Mas se considera otimista e tenta sensibilizar a quem assiste a ele e também enxerga uma união inédita e solidária em um momento tão delicado do país. "É uma tentativa de distribuir empatia", conta a Ecoa.