Em 2016, a responsável pela Brincarte afastou-se da ONG. E, aos 17, Felipe passou a coordenar os trabalhos. Apesar da pouca idade, a vontade de ajudar os jovens de sua comunidade falou mais alto e, com muita garra, ele mergulhou na função. "Não me dei por vencido facilmente. Quando você entra numa ONG e vê o sorriso de uma pessoa com necessidade, você se empodera cada vez mais para fazer o seu papel dentro da sociedade", afirma.
Com oito meses de duração e atividades às quartas-feiras e sábados, a oficina atende a dezenas de crianças e jovens, entre 8 e 13 anos, das comunidades da Pedreira e Chapadão. Por meio de atividades colaborativas, as dificuldades da vida são apresentadas, e as crianças são incentivadas a enfrentá-las e superá-las, com o desenvolvimento do pensamento crítico.
Uma das principais brincadeiras é a "teia de aranha", em que 300 metros de barbante são entrelaçados e presos a 100 pregos fincados em uma parede. Frases são coladas no barbante, e as crianças percorrem um caminho por meio dessa "teia" lendo mensagens de incentivo e enfrentando dificuldades. Ao chegar na parede, as crianças escrevem, em uma folha de papel, todas as emoções que sentiram no caminho. "Mostramos que existem dificuldades e barreiras invisíveis dentro da favela, da cidade e do país. Mas que podemos ultrapassar e levar o que quisermos para a vida", explica Felipe.
Outra atividade desempenhada pela Oficina é a integração das crianças da comunidade com aparelhos culturais, como museus, teatros e cinemas. A intenção é mostrar que esses ambientes também foram feitos para os jovens das favelas. "No ano passado, levamos um grupo até o Centro Cultural Banco do Brasil, no centro do Rio. Um dos meninos veio me falar: 'Será que vão me deixar entrar em um lugar tão bonito?'. Eu disse que, sim, ele pode e deve entrar. Nosso desafio é derrubar esses muros invisíveis que criaram para nós", recorda.